Valéria Bretas
Publicado em 2 de dezembro de 2016 às 10h00.
Última atualização em 2 de dezembro de 2016 às 15h07.
São Paulo – A resposta para essa pergunta está relacionada com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explicam essa relação.
Em 2015, mais de 10,4 milhões de pessoas moravam sozinhas no Brasil. De acordo com os dados da SIS, em uma década, houve um aumento de 4,4 milhões nesse grupo, que o IBGE chama de “arranjos unipessoais”. Ou seja, de 2005 para 2015, a quantidade de pessoas que vivem só saltou de 10,4% da população para 14,6%.
Isso é, o acréscimo de “moradores solitários” está relacionado com a mudança no padrão etário da população, em que há mais gente chegando à terceira idade enquanto há uma redução no número de crianças e adolescentes.
O resultado da pesquisa traduz essa tendência. Os idosos são maioria entre os que vivem só: 44,3% deles têm 60 anos ou mais. Em 2005, eram 40,6%.
Para a pesquisadora do IBGE Cíntia Agostinho, uma série de razões explicam o movimento de mais idosos morando sozinhos. “A chegada à terceira idade com saúde, uma situação financeira confortável e um fator de independência do próprio idoso podem explicar essa inclinação”, diz.
Segundo Cíntia, levando em consideração que a população idosa vai, de fato, aumentar no Brasil nos próximos anos, é possível esperar, por associação, que a proporção de pessoas que moram sozinhas continue crescendo no país.
Os dados do SIS também revelam uma outra novidade. Em 2005, a parcela da população que vivia sozinha era maioria na região Sudeste do país (11,5%), ao passo que no ano passado, a proporção era maior na região Centro-Oeste (15,9%)
Geração Canguru
Em paralelo, um outro fenômeno foi observado pelos pesquisadores do IBGE. A proporção de brasileiros de 25 a 34 anos de idade que ainda moram na casa dos pais aumentou de 21,7% para 25,3% entre 2005 e 2015.
A “geração canguru”, como essa faixa etária é conhecida, é composta majoritariamente por homens (60,2%).
Para os especialistas do IBGE, a opção de permanecer na casa dos pais está ligada ao prolongamento dos estudos e ao encarecimento do custo de vida atual.
No entanto, permanecer com a família não significa estar desempregado. Pelo contrário. Cerca de 6 em cada 10 pessoas que vivem com os pais estão empregadas. Além disso, a pesquisa mostra que o nível de instrução desse grupo também é elevado: 35,1% tinham ensino superior incompleto ou nível mais alto e 37,6% tinham ensino médio completo.