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População brasileira envelhece e cria desafio para a saúde pública

Para o gerontólogo Alexandre Kalache, mesmo com o aumento da expectativa de vida, o Brasil ainda forma médicos para o século XX

Alexandre Kalache: o Brasil terá uma população tão idosa quanto a do Japão (Cristiano Mariz/Exame)

Alexandre Kalache: o Brasil terá uma população tão idosa quanto a do Japão (Cristiano Mariz/Exame)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2018 às 12h07.

Última atualização em 21 de junho de 2018 às 12h11.

Brasília — Enfrentar a rapidez com que a população brasileira envelhece é o grande desafio imposto ao país na área de saúde pública. Quem diz isso é o presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil, Alexandre Kalache em sua palestra no EXAME Fórum Saúde, que acontece nesta manhã em Brasília. O assunto principal do evento é como ampliar o acesso à saúde e prolongar a vida dos brasileiros.

Se, em 2015, o Brasil tinha cerca de 24 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, em 2050 serão 64 milhões de pessoas na velhice. “Nós seremos um país tão velho como o país mais velho do mundo, o Japão. Esse é o futuro que nos espera em trinta anos”, afirma Kalache.

“A diferença é que os países ricos se enriqueceram antes de envelhecer.”  Médico gerontólogo, Kalache diz que, mesmo com o aumento da expectativa de vida, o país forma médicos para o século XX, e não para o século XXI. “Os profissionais de saúde aprendem tudo sobre crianças e gestantes, mas vão ter cada vez mais pacientes idosos. Os médicos tampouco estão sendo preparados para lidar com a morte. Não se morre de catapora ou sarampo com mais de 80 anos.”

Enquanto, em 1945, a expectativa de vida era de 43 anos, em 2012, chegou a 75 anos. Frente à desigualdade socioeconômica enfrentada no país, Kalache afirma que é preciso criar políticas públicas para garantir que a maioria dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, envelheçam com independência.

“Precisamos investir mais em saúde para que as pessoas tenham condições de produzir por mais tempo. E isso não tem a ver com explorar. Tem a ver com garantir que os idosos também tenham propósito de vida. É preciso ampliar a capacidade funcional dos brasileiros”, diz. “Quando me formei, em 1970, câncer era sinônimo de morte. Hoje, há ampliação não só do tratamento, mas também do diagnóstico.”

Em meio à “revolução da longevidade”, o presidente da Bristol-Meyers Squibb (BMS), Gaetano Crupi, pontua que o câncer não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. “Hoje, podemos usar expressões como ‘probabilidade de cura’. Podemos falar na probabilidade de transformar o câncer em uma doença crônica. A BMS e outras empresas estão olhando para isso em termos de medicina de precisão.”

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