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Policial diz ter ouvido homem ser torturado em UPP

O policial afirmou não ter visto a pessoa que teria sido alvo da violência, mas teria identificado alguns dos autores da tortura


	Em protesto, moradores da Rocinha e parentes de Amarildo de Souza cobram informações sobre o desaparecimento do pedreiro: dez PMs estão presos
 (Fernando Frazão/ABr)

Em protesto, moradores da Rocinha e parentes de Amarildo de Souza cobram informações sobre o desaparecimento do pedreiro: dez PMs estão presos (Fernando Frazão/ABr)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 09h26.

Rio - Um policial militar que atuou na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio, acusa mais cinco colegas de participação na morte do pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, morador da favela desaparecido em 14 de julho deste ano.

Dez PMs estão presos. Eles foram denunciados sob a acusação de prática de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver. O processo já está na 35ª Vara Criminal. Caso outras pessoas sejam acusadas pelo crime, o Ministério Público terá de fazer um aditamento para incluí-las como rés.

Depoimento de madrugada

O policial depôs durante a madrugada de segunda-feira, 14, a promotores que integram o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Por questão de segurança, o PM não teve o nome divulgado, mas a princípio não é nenhum dos dez policiais já presos. Ele está sob proteção.

Segundo o Ministério Público Estadual, o policial militar contou que, ao chegar para trabalhar em 14 de julho, recebeu de um tenente a ordem para que permanecesse dentro de um contêiner, onde funciona parte da UPP, até receber autorização para sair. Como ele, outros policiais ficaram ali por quase 45 minutos.

Nesse período, ouviram gritos de dor de um homem e outros ruídos que teriam sido emitidos durante uma sessão de tortura. O policial afirmou não ter visto a pessoa que teria sido alvo da violência, mas teria identificado alguns dos autores da tortura.


O Gaeco foi designado pelo procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, para acompanhar os desdobramentos do caso Amarildo na Justiça fluminense. No dia 4, a juíza Daniella Alvarez Prado, da 35.ª Vara Criminal do Rio, decretou a prisão preventiva dos dez PMs já denunciados. Os dois oficiais e oito praças eram lotados na UPP da Rocinha.

Para justificar o decreto de prisão preventiva, a magistrada escreveu que há indícios de intimidação de testemunhas. De fato, três testemunhas do inquérito foram incluídas no programa de proteção do governo federal. Na mesma decisão, a juíza também recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio contra os PMs, o que na prática os torna réus na ação penal.

Buscas

Na sexta-feira, 11, a Polícia Civil do Rio vasculhou, sem sucesso, dois reservatórios de água no alto da Rocinha, na tentativa de encontrar os restos mortais de Amarildo. Ao todo, 70 policiais militares e bombeiros participaram das buscas. A delegada Elen Souto disse posteriormente que não pretende realizar mais buscas pelo corpo, a não ser que surjam novas informações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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