Joice Hasselman: a deputada disse que teve seu celular clonado (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de julho de 2019 às 16h40.
A Polícia Federal informou nesta terça-feira (23) que vai investigar a suposta invasão de hackers nos aparelhos celulares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar disse que teve seu telefone celular clonado na madrugada de domingo, 21. Já o celular do ministro teria sido hackeado na noite desta segunda-feira, 22.
A apuração sobre o caso envolvendo a deputada está mais avançada. Assim que tomou conhecimento da invasão, na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinou que a Polícia Federal abrisse uma investigação para apurar o caso. A denúncia feita pela deputada foi encaminhada à corregedoria da PF, que decidiu abrir um inquérito para apurar a invasão.
Sobre a possível invasão do celular de Guedes, a assessoria do Ministério da Economia disse que, na noite de segunda-feira, o celular do ministro havia sido hackeado. Em mensagem distribuída a jornalistas, a assessoria pediu que mensagens vindas do número de Guedes e de outras pessoas do gabinete fossem desconsideradas.
Nesta terça, em outra mensagem divulgada à imprensa, a assessoria de Guedes disse que está sendo apurada a possível invasão do telefone do ministro e informou que um ofício seria enviado ao ministro Sergio Moro pedindo que o caso fosse investigado pela PF.
A reportagem apurou que, até o início a tarde de hoje, nenhum comunicado formal da invasão do celular de Guedes havia chegado à PF. A instituição, no entanto, já se movimentava para começar a investigar o caso envolvendo a invasão do celular do ministro assim que isso fosse determinado por Moro.
As constantes invasões de aparelhos celulares têm assustado membros do governo e do Congresso Nacional nos últimos meses. O próprio ministro Sergio Moro afirmou ter sido alvo. Diálogos atribuídos a Moro e ao procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, passaram a ser divulgados pelo site Intercept, desde o dia 9 de junho
. Segundo a publicação, os diálogos indicariam suposta conduta irregular do então juiz da Lava Jato e consequente comprometimento das decisões dos processos julgados na 13ª Vara Criminal, em especial no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que está preso e condenado por corrupção desde 8 de maio de 2018.
No caso de Joice Hasselmann, a deputada afirmou que seu aparelho foi clonado na madrugada de domingo. Em vídeo publicado em suas redes sociais, a parlamentar diz ter recebido ligações de seu próprio número, como ocorreu com o ministro Sergio Moro, que teve o celular invadido em junho.
Para ela, o criminoso responsável pelo ataque é "provavelmente da mesma gangue que invadiu o celular de Moro" e de procuradores da República. No vídeo, a deputada relata que houve encaminhamento de mensagens em seu nome pelo aplicativo Telegram. "Procuraram um jornalista bastante conhecido no Brasil o Lauro Jardim", disse.
Joice também disse que não usa o aplicativo de mensagens desde a época da campanha. "Acontece que eu não uso o Telegram, não uso o Telegram para fazer ligações, tem uma ligação internacional aqui que eu não faço ideia de onde seja, e algumas ligações aqui de mim para mim mesma, exatamente o que aconteceu com Sergio Moro", afirmou, contando ainda que já comunicou o presidente Jair Bolsonaro e Moro sobre o ocorrido.
A deputada pediu ainda que "fiquem de olhos e ouvidos atentos" sobre qualquer mensagem que possa circular em seu nome, já que, para Joice, irão "usar todo o tipo de sujeira para tentar manchar" o seu nome.
"Isso é caso de polícia. Esses bandidos precisam ir para a cadeia, vou desativar o celular, mas peço que todos vocês fiquem de olhos e ouvidos atentos e orelhas em pé pra qualquer mensagem que possa circular por aí em meu nome, porque certamente vão usar todo tipo de sujeira para tentar manchar o meu nome", afirmou em vídeo.