Brasil

Polícia e manifestantes entram em confronto em SP

A Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto perto da estação de metrô Carrão


	Dezenas de atos contra a Copa foram marcados por meio de redes sociais
 (Reuters)

Dezenas de atos contra a Copa foram marcados por meio de redes sociais (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de junho de 2014 às 17h16.

São Paulo - Um confronto entre policiais e manifestantes que tentavam bloquear a principal via de acesso à Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira, deixou ao menos cinco pessoas feridas, incluindo jornalistas, e provocou o fechamento de estações de metrô e do comércio horas antes do jogo inaugural.

A alguns quilômetros de distância, no entanto, torcedores chegavam em clima de festa ao estádio na zona leste da capital paulista para assistir ao jogo Brasil e Croácia, tentando deixar de lado os incidentes violentos.

A Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto perto da estação de metrô Carrão e manifestantes lançaram pedras, atearam fogo a lixo na rua e depredaram placas de trânsito e calçadas.

Um grupo de cerca de 200 manifestantes, segundo a polícia, que se concentrou pela manhã perto do metrô Carrão, tinha como objetivo fechar a Radial Leste, que dá acesso ao estádio.

A estação, a cerca de 10 quilômetros da Arena Corinthians, foi fechada devido ao protesto a pedido da polícia. Um cordão de isolamento, com cerca de 300 policiais, foi montado para conter os manifestantes e impedir o acesso à Radial Leste.

Depois da primeira ação de repressão por volta das 10h, os manifestante se dispersaram e passaram a tentar invadir a avenida Radial Leste por vias alternativas, mas a PM alertou que não permitiria o acesso dos manifestantes ao local, na zona leste, e usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Um dos manifestantes, Valdemário Silveira, foi atingido por estilhaço de bomba de efeito moral. Segundo um porta-voz da PM, ao menos cinco pessoas ficaram feridas, mas um número exato somente deverá ser divulgado mais tarde.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, duas pessoas foram levadas para Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio.

O estudante Luiz Gustavo, que participava do protesto, disse que o objetivo era atrapalhar a passagem do ônibus da seleção brasileira. Ele criticou a ação "desproporcional" da PM.

Mais tarde, manifestantes se concentraram na estação Tatuapé do metrô, que foi fechada, e um shopping que fica próximo também fechou as portas temendo atos de vandalismo.

O Mundial tem sido alvo de protestos desde o ano passado. Manifestantes insatisfeitos com os investimentos no torneio, cujos gastos totalizaram 25,8 bilhões de reais, têm tomado as ruas de cidades do país para protestar contra serviços públicos deficitários nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança.

A segurança nas cidades-sede da Copa foi reforçada para conter possíveis protestos, como os ocorridos no ano passado durante a Copa das Confederações.

Dezenas de atos contra a Copa foram marcados, por meio de redes sociais, para o dia de abertura do torneio. Além disso, greves de diferentes categorias ameaçam prejudicar a realização do torneio.

Funcionários do metrô de São Paulo chegaram a cruzar os braços por cinco dias, suspenderam a paralisação somente na terça-feira e na noite de quarta descartaram uma nova greve.

No Rio, cerca de 1.000 manifestantes, segundo a polícia, saíram em marcha pela manhã no centro da cidade, da Candelária em direção à Cinelândia, carregando cartazes contra a Copa do Mundo e denunciando a má qualidade do atendimento público em áreas como saúde, educação e transporte.

À frente do protesto, manifestantes mascarados, conhecidos como black blocs, queimaram bandeiras do Brasil. Houve confrontos.

Mais cedo, um protesto formado por poucos aeroviários, que convocaram uma paralisação de 24 horas, que já foi suspensa, bloqueou parcialmente a avenida que dá acesso ao aeroporto internacional do Galeão, provocando grande congestionamento na região.

Em Minas Gerais e em Porto Alegre também houve manifestações.

Entrando no clima

O Brasil recebe a Croácia na Arena Corinthians para o primeiro jogo da Copa do Mundo sob o olhar de torcedores, da presidente Dilma Rousseff, autoridade e chefes de Estado estrangeiros.

Torcedores anteciparam a ida ao estádio, temendo imprevistos com o metrô. Brasileiros eram maioria, mas também havia colombianos enrolados com bandeiras de seu país e alguns mexicanos com sombreros típicos.

O advogado catarinense Rodrigo Mendonça, de 34 anos, chegou de Florianópolis na quarta-feira para o jogo de abertura da Copa. Ele conseguiu ingressos para a partida entre Brasil e Croácia no ultimo sorteio da Fifa e disse que não teve problemas em conseguir passagem aérea e hotel.

"Estou muito animado com a Copa e acho que os brasileiros estão entrando no clima. Na região da avenida Paulista, onde estamos hospedados, o clima é de muita confraternização, com torcedores de várias partes do mundo", disse.

O torcedor disse esperar que os brasileiros aproveitem o clima do Mundial, mas apostou que a presidente Dilma será vaiada se discursar na cerimônia de abertura, a exemplo do que aconteceu na Copa das Confederações.

"O público dentro do estádio não é o eleitor dela. E mesmo os estrangeiros, se virem brasileiros vaiando, farão o mesmo para acompanhar, ainda que não estejam entendendo o significado ou o alvo das vaias", previu.

Os preparativos do Brasil para a Copa do Mundo foram alvo de críticas pelos atrasos e não realização de projetos de infraestrutura que haviam sido prometidos.

Dos 12 estádios, apenas dois ficaram prontos no prazo determinado pela Fifa, e a maioria das obras de infraestrutura atrasou, sendo que algumas delas foram abandonadas.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCopa do MundoEsportesFutebolMetrópoles globaismobilidade-urbanasao-paulo

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final