Protesto: segurança nas cidades-sede foi reforçada para conter possíveis protestos (Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2014 às 12h38.
São Paulo - Manifestantes que tentavam bloquear a principal via de acesso à Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira, foram contidos pela Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto.
Cerca de 200 manifestantes se concentraram perto da estação de metrô Carrão para tentar fechar a Radial Leste, segundo a polícia. Aproximadamente 300 PMs formaram um cordão de isolamento para conter a manifestação contra a Copa.
O major Santiago, no comando da operação da PM, não forneceu dados de efetivo ou de estratégia. Depois da primeira ação de repressão por volta das 10h, os manifestante se dispersaram e passaram a tentar invadir a avenida Radial Leste por vias alternativas, mas a PM alertou que não permitirá o acesso dos manifestantes ao local, na zona leste da capital paulista.
Um dos manifestantes, Valdemário Silveira, foi atingido por estilhaço de bomba de efeito moral. Uma jornalista estrangeira que estava no local precisou receber atendimento após ser ferida durante a confusão.
O estudante Luiz Gustavo, que participava do protesto, disse que o objetivo era atrapalhar a passagem do ônibus da seleção brasileira. Ele criticou a ação "desproporcional" da PM.
O Mundial tem sido alvo de protestos desde o ano passado. Manifestantes insatisfeitos com os investimentos no torneio, cujos gastos totalizaram 25,8 bilhões de reais, têm tomado as ruas de cidades do país para protestar contra serviços públicos deficitários nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança.
A segurança nas cidades-sede da Copa foi reforçada para conter possíveis protestos, como os ocorridos no ano passado durante a Copa das Confederações.
Dezenas de atos contra a Copa foram marcados, por meio de redes sociais, para o dia de abertura do torneio. Além disso, greves de diferentes categorias ameaçam prejudicar a realização do torneio. No Rio, um protesto formado por poucos aeroviários, que convocaram uma paralisação de 24 horas, bloqueou a avenida que dá acesso ao aeroporto internacional do Galeão, provocando grande congestionamento na região.
Entrando no clima
O Brasil vai receber a Croácia para o primeiro jogo da Copa do Mundo às 17h desta quinta-feira na Arena Corinthians, zona leste de São Paulo, após a cerimônia de abertura oficial marcada para começar as 15h15. O evento contará com a presença da presidente Dilma Rousseff e mais de uma dezena de chefes de Estado.
Torcedores anteciparam a ida ao estádio, temendo imprevistos com o metrô, após cinco dias de greve e uma ameaça de retomada da paralisação dissipada na véspera.
Brasileiros eram maioria, mas também havia colombianos enrolados com bandeiras de seu país e alguns mexicanos com sombreros típicos.
O advogado catarinense Rodrigo Mendonça, de 34 anos, chegou de Florianópolis na quarta-feira para o jogo de abertura da Copa. Ele conseguiu ingressos para a partida entre Brasil e Croácia no ultimo sorteio da Fifa e disse que não teve problemas em conseguir passagem aérea e hotel.
"Estou muito animado com a Copa e acho que os brasileiros estão entrando no clima. Na região da avenida Paulista, onde estamos hospedados, o clima é de muita confraternização, com torcedores de várias partes do mundo", disse.
O torcedor disse esperar que os brasileiros aproveitem o clima do Mundial, mas apostou que a presidente Dilma será vaiada se discursar na cerimônia de abertura, a exemplo do que aconteceu na Copa das Confederações.
"O público dentro do estádio não é o eleitor dela. E mesmo os estrangeiros, se virem brasileiros vaiando, farão o mesmo para acompanhar, ainda que não estejam entendendo o significado ou o alvo das vaias", previu.
Os preparativos do Brasil para a Copa do Mundo foram alvo de críticas pelos atrasos e não realização de projetos de infraestrutura que haviam sido prometidos. Dos 12 estádios, apenas dois ficaram prontos no prazo determinado pela Fifa, e a maioria das obras de infraestrutura atrasou, sendo que algumas delas foram abandonadas. (Reportagem adicional de Cesar Bianconi, em São Paulo, e Felipe Teixeira, no Rio de Janeiro)