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Poder popular não precisa mais de intermediação, diz Bolsonaro

Em seu discurso, presidente eleito prometeu governar para todos, falou sobre o papel da tecnologia na eleição e agradeceu ao TSE

Bolsonaro: ele agradeceu a Deus por estar vivo, à família, aos 57 milhões de votos recebidos e pediu a confiança da população (TSE/YouTube/Reprodução)

Bolsonaro: ele agradeceu a Deus por estar vivo, à família, aos 57 milhões de votos recebidos e pediu a confiança da população (TSE/YouTube/Reprodução)

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Clara Cerioni

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 17h11.

Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 17h54.

São Paulo — O presidente eleito, Jair Bolsonaro, e seu vice, o general Hamilton Mourão, foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira (10).

Em seu discurso, ele agradeceu a Deus por estar vivo, à família, aos 57 milhões de votos recebidos e pediu a confiança da população, inclusive daqueles que não votaram nele.

"Agradeço aos mais de 57 milhões de brasileiros que me honraram com o seu voto. Aos que não me apoiaram peço a confiança para construirmos juntos um futuro melhor para o nosso país", disse.

O presidente eleito foi enfático em afirmar que o poder popular não precisa mais de intermediação. "As novas tecnologias permitiram uma relação direta entre o eleitor e seus representantes", disse.

Ele se refere a sua ausência nas ruas, após o atentado que sofreu durante a campanha eleitoral, que o tirou das ruas. Sua aproximação com os eleitores, foi feita pelas redes sociais e pelo WhatsApp.

Bolsonaro falou, também, que a partir de janeiro ele governará "em benefício de todos", sem fazer distinção.

"A partir de 1º de janeiro serei o presidente de todos, dos 210 milhões de brasileiros. Governarei em benefício de todos sem distinção de origem social, raça, sexo, cor, idade, ou religião", declarou.

Segundo ele, a construção de uma nação mais justa depende da “ruptura de práticas que retardaram o progresso no país”, como mentiras e manipulação.

Democracia

Em sua fala, o presidente eleito ressaltou que o Brasil é "uma das maiores democracias do mundo". De acordo com ele, os brasileiros votaram de forma "pacífica e ordeira", expressando seu desejo por mudanças.

“Em um momento de profundas incertezas, somos um exemplo de que a transformação pelo voto popular é possível. Este processo é possível. O nosso compromisso com o voto popular é inquebrantável. Os desejos de mudanças foram expressos nas eleições.”

No discurso, o presidente eleito elogiou a atuação do TSE durante o pleito e disse que sua vitória é o "reconhecimento de eleições livres e justas".

Após a cerimônia, Bolsonaro fez uma publicação em seu Twitter.

Depois de Bolsonaro, a presidente do TSE, Rosa Weber, também falou sobre democracia. Antes, ela relembrou que nesta segunda-feira se comemora 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em sua fala, Weber salientou que democracia não se resume ao voto e que é preciso de "exercício constante de diálogo e tolerância, a compreensão das diferença".

Segundo a ministra, esse "exercício" inclui o respeito às minorias, "em especial àquelas estigmatizadas pela situação de vulnerabilidade em que injustamente se acham expostas".

"A democracia, não nos esqueçamos, repele a noção autoritária do pensamento humano", reforçou.

Dirigindo-se ao presidente eleito, disse que a supremacia da Constituição deve ser o "norte" do próximo governo.

Cerimônia

Segundo a corte, cerca de 700 pessoas foram convidadas para a cerimônia. Após a execução do hino nacional, o presidente e o vice receberam os diplomas da presidente do TSE, Rosa Weber, atestando que estão aptos para assumir a presidência em janeiro de 2019, até 31 de dezembro de 2022.

No evento estiveram presentes o presidente do Senado, Eunício de Oliveira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, e o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Carlos Lamachia.

Além disso, participaram o ministro o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro e filho do presidente eleito.

A cerimônia simboliza que o vencedor nas urnas cumpriu todas as regras exigidas pela justiça eleitoral. A partir da entrega do atestado, partidos políticos e o Ministério Público Eleitoral podem contestar o mandato, caso considerem que tenha havido abuso de poder econômico, corrupção ou fraude na disputa.

No último dia 4, o TSE aprovou com ressalvas as contas da campanha de Bolsonaro. O julgamento era necessário para a diplomação da chapa.

Conforme a prestação, entregue pelos advogados da chapa, a campanha arrecadou R$ 4,3 milhões e gastou R$ 2,8 milhões.

O ministro Luís Roberto Barroso, relator das contas da campanha, afirmou que, segundo a área técnica do tribunal, grande parte das "inconsistências" na prestação de contas foi sanada após a defesa de Bolsonaro retificar a prestação.

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