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PMs presos por arrastar mulher são alvo de 62 ações

Pelo menos 69 pessoas morreram em supostos tiroteios dos quais os PMs participaram desde 2000


	Viatura da Polícia Militar do Rio de Janeiro: o subtenente Adir Serrano Machado é o recordista, com envolvimento em 57 registros
 (Tânia Rêgo/ABr)

Viatura da Polícia Militar do Rio de Janeiro: o subtenente Adir Serrano Machado é o recordista, com envolvimento em 57 registros (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 10h04.

Rio - Dois dos três policiais militares que estão presos desde domingo por terem arrastado por cerca de 350 metros a auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, ao transportá-la na caçamba de uma viatura da PM cuja porta abriu, constam como envolvidos em 62 autos de resistência (mortes de suspeitos em confrontos com a polícia).

Pelo menos 69 pessoas morreram em supostos tiroteios dos quais os PMs participaram desde 2000.

O subtenente Adir Serrano Machado é o recordista, com envolvimento em 57 registros de autos de resistência (com 63 mortos). O subtenente Rodney Miguel Archanjo aparece em cinco ocorrências (com seis mortos).

Já o sargento Alex Sandro da Silva Alves não tinha participação em nenhum auto de resistência até o último domingo, quando um adolescente de 16 anos, suspeito de envolvimento com o tráfico, morreu durante a operação no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte, onde Claudia morava - e foi baleada no pescoço e nas costas.

A ocorrência com mais mortes ocorreu em 16 de fevereiro de 2009 e foi registrada na 34ª Delegacia de Polícia, em Bangu, zona oeste do Rio. De acordo com o registro 034-2014/2009, quatro pessoas morreram em confronto com o então segundo sargento Adir e outros três PMs.

Os PMs suspeitaram que os quatro pertencessem a uma quadrilha de roubo de cargas que agia na área da 40ª DP (Honório Gurgel) e iniciaram uma perseguição. Os suspeitos estavam numa Kombi e num Corsa. Eles teriam atirado nos PMs, que revidaram. Baleados, os suspeitos não resistiram.


O laudo cadavérico do Instituto Médico-Legal apontou que a causa da morte de Claudia foi um tiro que atingiu o coração e o pulmão. Após a mulher ter sido baleada, os PMs a colocaram no porta-malas de uma Blazer da corporação para levá-la ao hospital. No meio do caminho, a porta da caçamba abriu.

Desacordada, Claudia rolou para fora e ficou presa ao porta-malas do veículo por um pedaço de roupa. A mulher ficou batendo no asfalto e teve parte do corpo dilacerada. Por conta disso, havia a suspeita de que este poderia ser o motivo da morte.

Os três PMs vão depor hoje na 29ª DP (Madureira). A morte de Claudia foi desmembrada do registro inicial de auto de resistência e o caso foi novamente autuado como homicídio.

Os policiais foram presos em flagrante no domingo, por determinação do comando do 9º Batalhão da PM, que os enquadrou no crime de "deixar, no exercício de função, de observar lei, dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar", previsto no artigo 324 do Código Penal Militar. O comando considerou inadequada a forma como os PMs socorreram Claudia.

Após prestarem depoimento à Corregedoria da Polícia Militar na segunda-feira, 17, os três PMs que participaram do socorro a Claudia foram encaminhados ao presídio Bangu 8, na zona oeste.


Isso porque o Batalhão Especial Prisional (BEP) da PM, em Benfica, na zona norte, foi interditado pela Vara de Execuções Penais (VEP), depois que uma operação do Ministério Público encontrou uma série de "regalias" no local, como aparelhos de ar condicionado, computadores e até latas de cerveja. A inspeção foi realizada na segunda-feira de Carnaval.

Um novo vídeo publicado ontem pelo site do jornal Extra, feito pela câmera de segurança de uma loja na Estrada Intendente Magalhães, mostra a mulher sendo arrastada pela Blazer a 350 metros de distância do local onde os PMs pararam o veículo e recolocaram Claudia na caçamba.

No primeiro vídeo divulgado anteontem pelo jornal, feito por um cinegrafista amador, o trecho em que a vítima ficou pendurada do lado de fora era de cerca de 250 metros.

O advogado Marcos Espínola, que defende o sargento Alex, ajuizou ontem pedido de liberdade provisória para seu cliente. "A pena prevista no crime militar pelo qual os policiais são acusados vai de 3 meses a um ano de detenção.

Ou seja, mesmo que ele seja condenado, não ficará preso. Por isso não há motivo para mantê-lo preso preventivamente." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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