Protesto: as agentes teriam sido coagidas pelo comandante da UPP, major Edson Santos, a não denunciar a ação e a esconder provas do crime (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2013 às 12h36.
Rio - Quatro policiais militares mulheres que estavam na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha na noite de 14 de julho, quando o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza desapareceu, contaram detalhes da sessão de tortura a que ele foi submetido. As revelações foram veiculadas no Bom Dia Rio desta segunda-feira, 28.
A promotora Carmen Elize de Carvalho disse que elas não haviam dito tudo o que sabiam ainda por terem sido coagidas pelo comandante da UPP, major Edson Santos.
Uma delas afirmou ter ouvido gritos de socorro e gemidos de dor vindos dos contêineres que ficam atrás da UPP durante 40 minutos, e concluiu que alguém estava sendo torturado.
"Isso não se faz nem com um animal", pensou a policial, que cobriu os ouvidos para não ouvir mais os gritos. Ela disse que depois de 40 minutos se fez silêncio e ela ouviu risos.
Outra PM revelou que o major, numa reunião com o advogado que defenderia os policiais, determinou o que cada um deveria dizer em depoimento. "O sentimento delas é 'se estão fazendo isso com aquela pessoa, o que vão fazer com a gente? Lá foram tem vários homens armados, todos superiores hierárquicos.'", disse a promotora.
As PMs alegaram que foram obrigadas a ocultar provas contra os colegas e a desligar a luz do Parque Ecológico da Rocinha, que fica próximo à UPP naquela noite.
O MP denunciou 25 PMs. A soldado Thais Rodrigues Gusmão, que é acusada de tortura e ocultação de cadáver, apontou o tenente Luis Felipe de Medeiros, então subcomandante da UPP, como um dos envolvidos no crime. Medeiros e Santos são acusados de tortura, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e fraude processual.