Dilma e Lula: PT e PMDB encabeçam chapas estaduais e se enfrentam em nove Estados (Antônio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2014 às 15h09.
Brasília - O PMDB quer definir nas próximas semanas critérios para a participação da presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas disputas estaduais com o objetivo de garantir que os candidatos do partido não migrem para uma campanha adversária no segundo turno, disse uma fonte da legenda que integra o comitê de campanha.
O PT também quer dialogar, segundo uma outra fonte do comitê, mas não aceitará esse tipo de condicionamento a Lula, especialmente onde os dois partidos se enfrentam diretamente e o ex-presidente poderia desequilibrar a disputa favor dos petistas.
Além disso, a fonte argumentou que nos Estados há mais petistas apoiando peemedebistas do que o inverso.
PT e PMDB encabeçam chapas estaduais e se enfrentam em nove Estados. O que move o PMDB, segundo a fonte da legenda ouvida pela Reuters sob condição de anonimato, são as recentes pesquisas eleitorais que apontam uma vantagem cada vez menor de Dilma em relação aos adversários no primeiro e no segundo turno da eleição.
Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada na quinta-feira mostrou uma nova redução da vantagem da petista, que já aparece empatada tecnicamente com o candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), numa simulação de segundo turno. A vantagem da petista sobre o tucano no primeiro turno também caiu dois pontos percentuais.
"Essa estrada de acordos precisa começar a ser pavimentada agora. É preciso definir critérios para que ao longo da disputa o esgarçamento eleitoral não prejudique o cenário do segundo turno", argumentou o peemedebista. A aliança entre PT e PMDB foi selada em meio a uma forte divisão entre os peemedebistas e mais de 40 por cento da legenda foi contra apoiar Dilma à reeleição.
Segundo essa fonte, a tensão no partido diminuiu, mas agora os candidatos a governador são novos focos independentes de tensão.
Para pressionar por esse acordo, o PMDB reconduziu o vice-presidente Michel Temer à presidência da legenda, da qual estava licenciado. Os peemedebistas acreditam que ele tem mais condições de verbalizar dentro da aliança os anseios do partido.
Do lado petista a intenção de diálogo é vista com bons olhos, mas há resistências a um acordo que limite a participação de Lula em palanques estaduais.
"Dialogar tudo bem, mas limitar a participação do Lula não", disse um integrante do comitê de Dilma à Reuters, sob condição de anonimato. "É muito bom que o PMDB queira conversar, mas o PT apoia o PMDB em muito mais disputas estaduais do que o contrário. O (Paulo) Skaf, por exemplo, disse que não apoiará a Dilma. Tudo bem, mas isso tem que ser levado em conta", disse essa fonte, em referência ao candidato do PMDB ao governo de São Paulo.
"O Temer foi lá no lançamento da candidatura dele (Skaf) e não falou o nome da Dilma", reclamou esse integrante do comitê da presidente. "E se fechar um acordo ele tem que ser cumprido. Não pode ter acordo e por baixo fazer o contrário", acrescentou a fonte. O PT reclama ainda de movimentos como Aezão, no Rio de Janeiro, onde parcela grande dos peemedebistas apoia a eleição de Aécio e quer o apoio de Dilma para eleger o governador Luiz Fernado Pezão.
Uma fonte do governo disse à Reuters que ainda não foram feitas reuniões do PMDB e do PT para tratar da participação de Dilma nos palanques estaduais, mas que isso deve ocorrer em breve. No Palácio do Planalto há preocupação com as disputas em grandes colégios eleitorais como São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, onde PT e PMDB têm candidatos próprios ao governo e o peso de Lula ou Dilma pode desequilibrar a disputa a favor dos petistas.