Temer: no PR e PSD, a previsão dos líderes é de que o número de votos contra Temer pode até aumentar (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 20h57.
Brasília - Partido do presidente Michel Temer, o PMDB não deve fechar questão, oficialmente, para obrigar seus deputados a votarem pela rejeição da segunda denúncia contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
Integrantes do chamado "Centrão", grupo de partidos médios da base aliada, PR e PSD também não devem fechar questão desta vez.
À reportagem, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), justificou que a avaliação é de que não há necessidade de fechar questão novamente na segunda denúncia, uma vez que a legenda já fechou questão a favor de Temer na primeira.
"O entendimento no partido e na bancada é de que, se fechou na primeira, isso vale automaticamente para a segunda", disse.
Ele admitiu, porém, que esse "entendimento" não está escrito oficialmente em nenhum documento.
Na primeira denúncia, o PMDB deu 53 votos a favor de Temer e seis contrários, além de uma abstenção e três ausências.
Segundo Rossi, esse placar deve se repetir na votação da segunda denúncia no plenário da Câmara, prevista para esta quarta-feira, 25.
Dessa vez, porém, terão um voto contra a menos: o deputado Sérgio Zveiter (RJ), que deixou o PMDB e se filiou ao Podemos. "Todos os outros cinco votos contra devem se manter", disse o líder peemedebista.
Esses cinco deputados - Celso Pansera (RJ), Jarbas Vasconcelos (PE), Laura Carneiro (RJ) e Veneziano Vital do Rêgo (PB) -, além de Zveiter, chegaram a ser punidos pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), por terem votado contra Temer.
Jucá suspendeu os parlamentares das funções partidárias por 60 dias. Com a suspensão, não puderam, por exemplo, participar das comissões técnicas da Câmara das quais são integrantes.
Os líderes na Câmara do PR, José Rocha (BA), e do PSD, Marcos Montes (MG), também informaram à reportagem que seus partidos e bancadas não devem fechar questão nem a favor, nem contra Temer.
Na primeira denúncia, as bancadas dos dois partidos fecharam questão a favor do presidente, assim como o PP. A reportagem não conseguiu contato com o líder do PP, Arthur Lira (AL), para saber como a bancada se posicionará na segunda denúncia.
No PR e PSD, a previsão dos líderes é de que o número de votos contra Temer pode até aumentar.
"Já temos nove votos contra o presidente que são irrecuperáveis. Se vai ter mais votos ou não contra vai depender do cumprimento ou não da liberação (das emendas individuais impositivas). Se o governo não cumprir, pode ter problema", afirmou Rocha. Na primeira denúncia, o PR deu 29 votos a favor e nove contra o presidente.
Lideranças governistas garantem, porém, que o Palácio do Planalto vai liberar emendas e nomear afilhados políticos de parlamentares para cargos no segundo e terceiro escalões do Executivo, para garantir os votos para barrar a denúncia.
"O que tinha para fazer já fizemos. Agora é resolver a questão das emendas, que alguns deputados estão reclamando", disse o líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE).
O governo prometeu ao deputado Ronaldo Carletto (PP-BA), por exemplo, nomear um aliado do parlamentar baiano para um cargo no Banco do Nordeste.
De acordo com aliados de Carletto, a expectativa é de que a nomeação saia até quarta-feira, 25, dia da votação. Em troca da nomeação, o deputado votaria a favor de Temer. Na primeira denúncia contra o presidente, Carletto não participou da votação.