Presidenta Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer durante reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2014 às 19h59.
Brasília - A insatisfação do PMDB com o tratamento dado pelo governo Dilma ao partido não se resume apenas à bancada na Câmara. Segundo integrantes da cúpula da legenda ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, existe um movimento interno para que se faça uma pré-convenção no mês de abril.
Nesse encontro seria tirada uma posição quanto a permanência na aliança com o governo Dilma. Atualmente, a legenda ocupa cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo, Aviação Civil) além da Vice-Presidência da República com Michel Temer.
"O movimento existe, mas não se sabe quantos diretórios estão pedindo a pré-convenção porque nada foi formalizado ainda", disse o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Para que seja realizada a pré-convenção é necessário pelo menos o apoio de um terço dos 27 diretórios estaduais da legenda.
O encontro, no entanto, não tem efeito legal uma vez que as convenções, de acordo com a Lei Eleitoral, estão previstas para ocorrer entre 10 e 30 de junho. É nesse período que todos os candidatos são oficializados. Uma pré-convenção, entretanto, serviria como sinal de alerta tanto para Dilma quanto para Michel Temer, que trabalha pela manutenção da aliança.
Segundo um integrante da cúpula do PMDB, ao menos dez Estados já estariam dispostos a pedir a realização da pré-convenção, entre eles Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catariana, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Ceará, Paraíba, Piauí, Acre e Goiás. "Esse movimento está crescendo, só não vê quem não quer", disse o dirigente que não quis se identificar.
O clima de desgaste entre o PMDB e o Palácio do Planalto pôde ser percebido na tarde desta quarta. A bancada da Câmara aprovou um documento em que "deixam à disposição" da presidente Dilma a indicação dos nomes que irão integrar a reforma ministerial.
Durante o encontro, que durou cerca de 3h, realizado em um dos plenários da Casa, vários deputados foram ao microfone se queixar do tratamento dado pela presidente à bancada. "O clima foi bem quente", disse no final da reunião o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
No início do governo Dilma, a bancada indicou os nomes para os ministérios do Turismo e Agricultura ocupados atualmente por Gastão Vieira e Antonio Andrade, respectivamente. Os dois deverão deixar o cargo até o início de abril para disputarem as próximas eleições.
O clima entre a bancada o Palácio do Planalto começou a "azedar" quando a presidente Dilma vetou os nomes dos deputados Leonardo Quintão (MG), Eliseu Padilha (RS) e Sandro Mabel (GO), indicados pela bancada para substituir os atuais ministros. Além do veto, também causou desgaste o fato de a petista ter sinalizado ao partido que a vaga para o ministério da Integração deveria ser ocupada pelo líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Na avaliação dos deputados, a manobra serviria apenas para atender ao próprio PT uma vez que afastaria Eunício Oliveira da disputa do governo do Ceará. A candidatura do senador vem enfrentando resistência do atual governado Cid Gomes (PROS) que deve indicar um nome do seu grupo e ter como aliado o PT.
Apesar da resposta à presidente Dilma com a criação do documento, o partido não pretende romper com o governo uma vez que também ocupa hoje a vice-presidência da República com Michel Temer. "O PMDB está no governo ninguém pode enforcar o Michel Temer", afirmou Danilo Forte.
"Nesse momento o que nós decidimos é que a bancada do PMDB na Câmara cansou desse processo de cargos, que tem que indicar, que não tem que indicar, que vai tirar, que vai dar ministério. Não vamos aceitar esse tipo de discussão", afirmou Eduardo Cunha.
"Nós já estamos sub representados. O PMDB no governo já perdeu o que tinha em relação ao governo anterior. E já que estamos sub representados e melhor não estarmos representados", acrescentou.