Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 15h54.
Brasília – A dois dias do início do julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o PMDB e PT já atuam de maneira mais incisiva em relação aos indecisos. Aliados do presidente interino, Michel Temer (PMDB), e de Dilma aumentaram a pressão sobre os senadores que ainda não sinalizaram como votarão na última etapa do impeachment. As articulações estão a todo vapor.
A EXAME.com, um dos principais nomes do núcleo duro do governo Temer afirmou que pelo menos três parlamentares estão na mira da base aliada. “O julgamento começa na quinta-feira, mas já estamos negociando com firmeza para garantir pelo menos 62 votos a favor do impeachment de Dilma”, afirmou.
Na primeira votação do Senado, 55 parlamentares votaram a favor do impeachment de Dilma. Na sessão de pronúncia, 59 se decidiram pela continuidade do processo. O objetivo é ampliar ainda mais a margem de votos favoráveis ao afastamento definitivo da petista no julgamento final.
Aliados de Temer minimizam a estratégia de Dilma de comparecer ao julgamento final para constranger antigos aliados. Para eles, o afastamento da presidente já está consumado.
Os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Roberto Muniz (PP-BA) e Elmano Férrer (PTB-PI) estão na mira dos peemedebistas. Nas votações anteriores, eles votaram contra o processo de impedimento. Interlocutores do presidente interino avaliam que os três, porém, vêm demonstrando certa sintonia com o governo Temer nas últimas semanas.
O posicionamento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda é um mistério. O peemedebista, que não votou em nenhuma das fases anteriores do processo, tem dito que está “em pleno processo de decisão”. A mudança de postura dos últimos dias aumentou as esperanças do Planalto.
Os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), José Pimentel (PT-CE), Kátia Abreu (PMDB-TO) e Roberto Requião (PMDB-PR) têm sido os principais articuladores da presidente afastada no Senado.
Os aliados de Dilma tentam disfarçar, mas demonstram desânimo sobre o desfecho do processo. Ainda assim, mantêm a expectativa de conquistar o voto de mais algum indeciso. A bola da vez é o senador Acir Gurgacz (PDT-RO).
Após ter votado a favor do impeachment na sessão de pronúncia, desobedecendo a orientação de seu partido, o parlamentar já disse em mais de uma oportunidade que aguardará a fala de Dilma no plenário para decidir como votará no julgamento.