Michel Temer: "As lições que estamos vivendo nos obrigam a buscar uma reengenharia das relações do Estado com o setor privado" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2016 às 15h51.
BRASÍLIA - O PMDB quer que a Polícia Federal e a Receita Federal tenham assegurados os recursos para desenvolverem seus trabalhos, mostra documento da Fundação Ulysses Guimarães, que defende ainda transferir para o setor privado "tudo o que for possível em matéria de infraestrutura".
O trecho do documento ao qual a Reuters teve acesso nesta sexta-feira fala também em reforçar o papel institucional da Controladoria-Geral da União (CGU) e em novas leis sobre contratação de fornecedores pelo Estado, acordos de leniência com empresas e combate à corrupção.
"As lições que estamos vivendo nos obrigam a buscar uma reengenharia das relações do Estado com o setor privado e reduzir ao mínimo as margens para a transgressão e o ilícito", afirma o documento, assinado pela fundação do partido.
Críticos do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que tramita no Congresso, afirmam que um governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer, que também é presidente licenciado do PMDB, poderia abafar investigações em curso da Polícia Federal, especialment a Lava Jato, na qual vários políticos foram mencionados, entre eles peemedebistas.
Temer tem dito que apoia a Lava Jato e negado que interferiria nas investigações caso seja alçado à Presidência com o impeachment de Dilma.
Nesta semana, o ministro da Justiça, Eugênio Aragão, anunciou que o governo liberará toda a verba prevista para a PF até o final deste ano, 160 milhões de reais, antes do dia 11 de maio, quando o Senado deve decidir sobre o afastamento da presidente, para evitar que a Polícia Federal fique "a mercê de chantagens políticas".
Em outro trecho do documento do PMDB, o partido defende que o Estado repasse o setor de infraestrutura para a iniciativa privada e que, nas demais áreas, o relacionamento do governo com fornecedores seja regulado por uma nova lei.
"O Estado deve transferir para o setor privado tudo o que for possível em matéria de infraestrutura", afirma o documento.
"Quanto às competências que reservará para si, é indispensável que suas relações com contratantes privados sejam reguladas por uma legislação nova, inclusive por uma nova lei de licitações, que incorpore as lições de nossa própria experiência e da experiência internacional."