A Polícia Militar afirma também que criará mapas sobre a incidência de crimes (Fernando Moraes/Veja SP)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2012 às 10h21.
São Paulo - Usando táticas parecidas às adotadas por empresas de segurança patrimonial, a Polícia Militar vai emitir laudos sobre o risco de bares da capital sofrerem arrastões e identificar os que aderirem ao seu novo projeto de segurança com adesivos. As medidas fazem parte do Vizinhança Solidária, projeto piloto que será realizado inicialmente no Itaim-Bibi, na zona sul, a partir da semana que vem.
"A polícia vai comparecer aos estabelecimentos e analisar a vulnerabilidade das instalações, da forma de seleção e da contratação de funcionários. Aí, vamos emitir um laudo indicando medidas para redução dos riscos", afirmou o comandante-geral da Polícia Militar, Roberval Ferreira França, após reunião com entidades do ramo dos restaurantes.
A PM afirma também que criará mapas sobre a incidência de crimes, com maior velocidade e precisão do que é feito hoje. Eles devem constar dos computadores de bordo das viaturas.
A escolha do Itaim-Bibi se deu porque o bairro, além de ter grande concentração de restaurantes, se ofereceu por meio de uma entidade de bairro. "O bairro se candidatou meio que compulsoriamente, porque aqui é que está o foco do problema. Por isso, é natural que a ação comece aqui", afirmou Marcelo Motta, da Associação de Amigos do Itaim-Bibi.
Além do projeto no bairro, o governo anunciou a criação de uma comissão formada por policiais e entidades do ramo de restaurantes para discutir medidas de prevenção a arrastões. Inicialmente, as reuniões seriam quinzenais e, depois, mensais, em modelo similar ao que ocorre com os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs).
Representantes de entidades de restaurantes se disseram satisfeitos com as medidas, após reunião com o secretário de Estado da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto. "Acredito que agora a população pode voltar tranquilamente a frequentar as nossas casas", afirmou o presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Fhoresp), Nelson de Abreu Pinto.
O presidente da Associação Nacional de Restaurantes, Jun Sakamoto, ressaltou que a prisão dos criminosos se reflete na segurança de todo o setor. "O grupo que foi preso deve ser o mais ativo. Acho que divulgar a prisão deles inibe outros grupos de se formar e atacar restaurantes", disse.
As associações de restaurantes também farão cartilhas com orientações para os empresários diminuírem os riscos de assalto. Os restaurantes têm investido pesado em segurança. Entre as medidas adotadas estão câmeras de visão noturna, botões de pânico e seguranças que atuam disfarçados na frente dos estabelecimentos.
A Polícia Militar prometeu reforçar o efetivo que patrulha áreas de restaurantes apenas em datas especiais. O comandante geral da PM disse que, à noite, aproximadamente 3.500 policiais fazem esse serviço.
Investigação
Segundo o delegado-geral, Marcos Carneiro Lima, 70% dos roubos a restaurantes neste ano já foram esclarecidos. Segundo ele, 11 adultos foram presos e 9 adolescentes, apreendidos. "Quando a polícia dá prioridade a uma área, não é porque está dando atenção para uma parcela de uma classe social que é privilegiada, porque num restaurante de classe a maior parte das pessoas que está lá é de trabalhadores, além do cidadão que tem todo direito de ter sua hora de lazer", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo