PM: a informação era de que os alunos seriam levados até o 2º Distrito Policial no Bom Retiro, mas não foi confirmada por nenhum oficial (Wikimedia Commons/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de novembro de 2016 às 21h42.
Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 21h42.
São Paulo - Uma equipe da Força Tática da Polícia Militar retirou estudantes que ocuparam nesta quinta-feira, 3, a sede do Centro Paula Souza - autarquia do governo estadual responsável pela administração de Etecs e Fatecs - na região central de São Paulo.
A informação era de que os alunos seriam levados até o 2º Distrito Policial (Bom Retiro), mas não foi confirmada por nenhum oficial. A polícia não jogou bombas para garantir a desocupação, mas estudantes disseram que houve golpes de cassetete. Nenhum policial militar conversou com a reportagem.
Os manifestantes disseram ser de Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) da cidade. Entre eles, havia jovens que participaram da ocupação da Assembleia Legislativa ocorrida neste ano cobrando investigação sobre o escândalo da merenda.
A ocupação foi limitada ao prédio administrativo do complexo, que tem dois edifícios. Para terminar com o ato, um grupo de policiais atraiu a atenção dos manifestantes enquanto outro grupo os cercou, entrando por um acesso lateral.
Jovens que acompanhavam a manifestação do lado de fora disseram que a PM se valeu do entendimento do Estado em determinar ações de reintegração de posse sem mandado judicial em prédios públicos - a autotutela.
A ocupação era feita por cerca de 30 estudantes das faculdades (Fatecs) e escolas técnicas (Etecs) de São Paulo. Os manifestantes são contra a PEC 241, proposta pelo governo Michel Temer (PMDB), e pedem mais investimentos em políticas de assistência estudantil nas unidades estaduais.
Os alunos entraram no terreno do prédio, mas permaneciam do lado de fora do imóvel. Eles levaram barracas e faixas.
De acordo com Henrique Domingues, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) das Fatecs), há três anos o governo estadual mantém o mesmo valor de investimento para as políticas de assistência aos alunos de baixa renda. "É um valor muito pequeno e insuficiente. Por isso, as Fatecs têm uma taxa de evasão de mais de 60% dos alunos que ingressam nas unidades. E o governo não faz nada para reverter isso", disse.
É a segunda vez em seis meses que a sede do Centro Paula Souza é ocupada. No final de abril, os estudantes ocuparam por nove dias o prédio para reivindicar que todas as Etecs do Estado passassem a receber merenda.
Em nota, a assessoria de imprensa do Centro Paula Souza informou que "estudantes invadiram a área externa da sede administrativa da instituição no fim da tarde desta quinta-feira, 3, e foram retirados pacificamente pela Polícia Militar duas horas depois".
Segundo a autarquia, os ocupantes "não chegaram a apresentar suas reivindicações ao CPS".
O Centro Paula Souza disse ainda que "não é verdade que a evasão nas Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs) seja de 60%. A desistência varia para cada um dos 72 cursos oferecidos e em nenhum caso se aproxima desse patamar".
País
Na terça-feira, 1º, segundo a União Brasileira de Estudantes Secundaristas, 1.197 instituições de ensino estavam ocupadas em todo o País. Os alunos protestam contra a medida provisória que determinou a reforma do ensino médio, contra a PEC 241 - que congela as despesas do governo, incluindo a área de educação, por até 20 anos - e também contra o projeto Escola Sem Partido, que tramita no Congresso Nacional.
Com a ocupação das escolas, o governo Temer anunciou que irá adiar a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para 191 mil estudantes que fariam a prova em unidades que estão tomadas por manifestantes.
Ao todo são 304 locais de prova ocupados. Os Estados mais afetados pela mudança de data são Paraná e Minas Gerais, que, juntos, desmobilizarão 83 mil alunos do Enem deste fim de semana.