Compaj: não foi informado quantos PMs e em quais unidades os policiais passaram a atuar internamente (Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 18h24.
Manaus - A Polícia Militar (PM) passou a integrar a segurança de unidades prisionais de Manaus, representando reforço ao trabalho de agentes penitenciários e de uma empresa terceirizada que atua nas unidades.
A decisão foi tomada pela Secretaria de Segurança Pública após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que deixou 56 mortos, ter sido seguido pelo assassinato de outros quatro detentos na cadeia de Puraquequara, também na capital amazonense, na tarde desta segunda-feira, 2.
Nesta terça, o secretário de Segurança, Sérgio Fontes, acompanhou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em inspeção realizada no Compaj e falou sobre a necessidade de reforço.
"É como disse: é a única decisão que tinha. Não posso deixar de reforçar as muralhas e de reforçar os presídios depois do que aconteceu", disse.
Não foi informado quantos PMs e em quais unidades os policiais passaram a atuar internamente. A reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" presenciou a circulação de agentes armados da corporação no Compaj na manhã desta terça-feira, 3.
Fontes ponderou que os policias já atuavam do lado externo das cadeias.
"A guarda externa armada sempre foi do Estado. O que o Estado paga pela terceirização é a logística do presídio, inclusive assistência médica e jurídica, reabilitação, a parte armada sempre foi do Estado, o Estado é que pode usar a força de forma legítima."
Questionado se o reforço afetaria o policiamento de rua na capital, ele disse que, apesar de "o cobertor ser curto", o remanejamento era necessário.
O titular da pasta de Segurança informou que o trabalho da força-tarefa criada para investigar o caso continua ocorrendo. Questionado se transferências para presídios federais podem ocorrer, respondeu: "Presos só irão a presídios federais quando as investigações terminarem. Sabemos mais ou menos quem são os líderes porque tratamos com eles na hora da negociação. Mas esse saber não é suficiente. É preciso provar, e você só prova com um inquérito formal, que está nas mãos do dr. Ivo Martins."
Mesmo diante de novas agitações de presos, uma delas no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), vizinho ao Compaj, na manhã desta terça-feira, Fontes disse que o "sistema está sob controle".
O secretário estimou que 50 presos que fugiram já tenham sido recapturados; um total de 184 escaparam de duas unidades durante a rebelião.
Fontes voltou a afirmar que os corpos devem começar a ser entregues aos familiares nesta terça.