Virada Cultural: a ideia é seguir modelo semelhante ao do réveillon na Avenida Paulista, onde são montados bloqueios para barrar objetos vetados, como garrafas e guarda-chuvas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2013 às 09h15.
São Paulo - A Polícia Militar vai sugerir à Prefeitura de São Paulo "cercar" a Virada Cultural com tapumes para que seja possível controlar a entrada e saída de pessoas por meio de revistas. A ideia é seguir modelo semelhante ao do réveillon na Avenida Paulista, onde são montados bloqueios para barrar objetos vetados, como garrafas e guarda-chuvas.
Essa é uma das ideias que o comandante da PM, coronel Benedito Roberto Meira, vai apresentar à Prefeitura para tentar diminuir as taxas de criminalidade na Virada Cultural do ano que vem. Na manhã de ontem, Meira chegou a falar que também vai propor que a Virada dure das 8h às 20h, mas voltou atrás. "Não dá para restringir a esse horário porque aí deixaria de ser Virada", ponderou.
Segundo o coronel, ao invés de encurtar o evento, a alternativa seria levar para a madrugada shows que não atraiam público jovem disposto a consumir álcool em excesso. Ele citou como exemplo o show da banda Racionais MCs, que tocou às 15h sem que fossem registrados problemas. "Ainda são ideias que precisam ser discutidas."
Meira disse que os tapumes podem facilitar a fiscalização de bebidas, responsáveis por cerca de 1,8 mil atendimentos em postos de saúde. O comandante defende ainda que os homens fiquem em locais visíveis e elevados, com sua localização identificada por balões, como ocorre no Galo da Madrugada, no carnaval do Recife.
O coronel admitiu que neste ano houve aumento das ocorrências e atribui o crescimento ao excesso de pessoas com a intenção de praticar crimes patrimoniais no local. Também citou o rapper Mano Brown para confirmar sua impressão. "Ele mesmo (Mano Brown) viu que havia muitas pessoas que foram lá para cometer crimes e não para curtir o evento."
Procedimento
O comandante negou que os policiais tenham feito "olho de vidro" (gíria policial para fingir não ver crimes) em protesto contra atrasos de pagamentos na Operação Delegada. "Passaram 4 milhões de pessoas no evento e existem procedimentos. Policiais correrem atrás de criminosos pode provocar tumultos maiores do que os causados pelo roubo."
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse, na terça-feira, 21, que ainda não conversou com o comandante sobre as propostas. "Não chegaram ainda as análises sobre o que pode ser feito na operação, sobretudo na madrugada. Nós vamos acolher, porque eles é que entendem de segurança. Então a Prefeitura, em geral, acata recomendações, ponderando sobre a natureza do evento para não descaracterizá-lo."