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PM do Rio tem bomba de gás lacrimogêneo mais forte

Muitas bombas de gás lacrimogêneo foram utilizadas para reprimir "vândalos infiltrados" na recente onda de manifestações, segundo oficiais da corporação


	Polícia usa gás lacrimogêneo contra manifestantes: a Secretaria Estadual de Segurança informou que questão de bombas mais potentes deve ser respondida pela Polícia Militar
 (REUTERS/Luciana Whitaker)

Polícia usa gás lacrimogêneo contra manifestantes: a Secretaria Estadual de Segurança informou que questão de bombas mais potentes deve ser respondida pela Polícia Militar (REUTERS/Luciana Whitaker)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 14h31.

Rio de Janeiro - A Polícia Militar do Rio comprou da Condor S/A Indústria Química bombas de gás lacrimogêneo duas vezes mais potentes do que o normalmente empregado pelas forças de segurança brasileiras. Muitas delas foram utilizadas para reprimir "vândalos infiltrados" na recente onda de manifestações, segundo oficiais da corporação.

No dia 2, o procurador da República Jaime Mitropoulos converteu o procedimento preparatório para apurar o caso em inquérito civil, depois de a fabricante informar que, desde 2012, vende para a PM fluminense artefatos com concentração de até 30% de ortoclorobenzalmalonitrilo, o lacrimogêneo.

Segundo o Exército, responsável por fiscalizar a produção e comercialização desse tipo de produto, as fábricas brasileiras produzem granadas com concentração aproximada de 10% da substância.

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal começou a investigar o caso no fim de junho, após denúncias de que a PM estava usando bombas mais potentes do que o usual.

Na ocasião, oficiais do Batalhão de Choque disseram que alguns dos artefatos entregues à PM pela Condor seriam vendidos para Angola. O limite da concentração de gás lacrimogêneo permitida pelo país africano seria o dobro do usado no Brasil.

A última compra foi feita pela Secretaria de Segurança em 19 de junho para repor emergencialmente o estoque, que ficou praticamente zerado após a onda de protestos que teve início em 6 de junho no Rio.

No dia 17 de junho, uma manifestação pacífica que levou 100 mil pessoas à Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, terminou em pancadaria e depredação do prédio histórico da Assembleia Legislativa (Alerj). A PM utilizou dezenas de bombas de gás para dispersar a multidão. A compra, no valor de R$ 1,6 milhão, foi feita sem licitação.

Por causa dos protestos, o montante pago pelo governo do Rio à Condor no primeiro semestre deste ano (R$ 2 milhões) já superava em 66% tudo o que foi gasto em todo o ano passado (R$ 1,2 milhão), segundo levantamento feito no Sistema Integrado de Administração para Estados e Municípios (Siafem).

A Secretaria Estadual de Segurança informou que a questão deve ser respondida pela Polícia Militar. Procurada na manhã de quinta-feira, a PM informou na noite de sexta-feira que precisava de mais tempo para levantar todos os lotes de bombas adquiridos e responder às perguntas. Em nota, a Condor informou que ainda não foi notificada da investigação do MPF "não tendo elementos para se pronunciar em razão disso".

Procurada em junho pelo Estado, quando surgiram as primeiras suspeitas, a empresa afirmou que as bombas vendidas então para a PM estavam em seu estoque "e poderiam ser vendidos para qualquer cliente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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