Dilma: a cena passaria despercebida, se o local não fosse o palácio e o horário da pintura não tivesse sido a noite do afastamento definitivo de Dilma (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2016 às 16h21.
Brasília - Na noite do impeachment, o Palácio do Planalto viveu uma situação inusitada. Uma mulher se deitou no chão do quarto andar, um acima do pavimento do gabinete do presidente Michel Temer, e teve os seios e os braços pintados.
Era um ensaio da maquiadora Ana Siqueira, que pinta modelos com reproduções de Athos Bulcão. No local, há uma parede com azulejos do artista.
A cena passaria despercebida, um mero momento artístico, se o local não fosse o palácio e o horário da pintura, das 22 horas às 2 da madrugada, não tivesse sido a noite de um dia tenso, quando Dilma Rousseff, no início da tarde, foi afastada definitivamente da Presidência da República e Temer inaugurava seu governo efetivo.
O tom de descontração da cena de pintura, apresentado em um clipe divulgado nas redes sociais pelo fotógrafo Kenzo Kazuo, gerou polêmica e despertou a curiosidade de servidores que ainda estavam no palácio, apesar da hora.
A autorização para o ensaio, dada pela Coordenação de Relações Públicas do Planalto, causou preocupação e surpresa à segurança. A servidora que autorizou a entrada do grupo ao Planalto foi demitida.
A Secretaria de Imprensa informou que o trabalho ali desenvolvido "extrapolou qualquer autorização" e "houve uma certa permissividade no ambiente do Planalto".