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Planalto envia recado a Renan Calheiros após críticas

Renan fez um discurso no plenário atacando a reforma trabalhista proposta pelo governo Michel Temer

Presidente do Senado, Renan Calheiros (Ueslei Marcelino/Reuters Brazil)

Presidente do Senado, Renan Calheiros (Ueslei Marcelino/Reuters Brazil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2017 às 15h58.

Brasília - Incomodado com a oposição do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), às reformas trabalhista e da Previdência, o governo autorizou a divulgação de uma nota assinada pelo senador Romero Jucá (RR), líder do governo na Casa, na qual diz que "qualquer decisão sobre a liderança do partido no Senado cabe à bancada de senadores".

A nota foi divulgada ontem, um dia após Renan ter feito um discurso no plenário atacando a reforma trabalhista, aprovada na véspera na Câmara e que, a partir da semana que vem, começa a ser analisada no Senado.

A aliados, Jucá já avaliou que a permanência de Renan no cargo dependerá do seu "comportamento quando as reformas começarem a tramitar" na Casa.

Em seu discurso, Renan defendeu a mudança do texto pelos senadores. "Não acredito que essa reforma saia da Câmara e chegue ao Senado - reforma de ouvidos moucos - sem consultar opiniões. Reforma que só interessa ao sistema financeiro, rejeitada em peso e de cabo a rabo pela população, reforma tão mal feita que chega a constranger e a coagir a base do próprio governo", afirmou o peemedebista.

A estratégia de Renan, com apoio de parlamentares da oposição, é fazer com que a proposta passe por pelo menos três comissões antes de chegar ao plenário. Já os governistas querem que o texto passe por apenas um colegiado, em caráter de urgência, podendo ser apreciado no plenário em três semanas.

O Estado apurou que o presidente Michel Temer está contrariado com Renan e avalia articular sua destituição da liderança caso ele mantenha oposição às reformas. Por ora, a ordem é ainda não criar desgastes com o senador. Na nota, Jucá, presidente em exercício do PMDB, pondera que o assunto não está sendo tratado. "Ainda não houve nenhuma conversa com o presidente Michel Temer", afirmou o texto.

Mudança

Para destituir Renan, seriam necessários os votos de 12 dos 22 senadores peemedebistas, mas, para o[SENADORES] senador Raimundo Lira (PMDB-PB), o líder da bancada tem força na Casa. "Se Renan permanecer com essa determinação, o que vai acabar acontecendo é o que ele está querendo", afirmou Lira.

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) disse que Jucá não deve interferir em assuntos da bancada. "Não é o presidente em exercício do PMDB que tem de falar sobre liderança da bancada. O presidente em exercício do PMDB está dando uma nota estapafúrdia."

Para o senador Airton Sandoval (PMDB-SP), Jucá deu um recado a Renan. "Renan está assumindo opiniões pessoais, atrapalhando o governo, e isso não pode continuar", disse.

Procurado, Renan disse que "não está sabendo" de nenhum tipo de movimento contra ele, nem leu a nota de Jucá. "Não sei se há movimento, se não há."

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