Calero: ao deixar o cargo, Calero acusou o então secretário de Governo de pressioná-lo para liberar a construção (Prefeitura do Rio / Divulgação/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 16h58.
Brasília - A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou que a Polícia Federal (PF) encaminhe as gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em relação ao caso envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Em depoimento à PF, Calero disse que o presidente Michel Temer o "enquadrou" para tentar resolver um impasse na liberação de um empreendimento imobiliário em área de patrimônio histórico de Salvador, onde Geddel comprou um apartamento.
Ao deixar o cargo, Calero acusou o então secretário de Governo de pressioná-lo para liberar a construção.
A PF encaminhou o depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, por sua vez, repassou o caso à PGR. Cabe à Procuradoria fazer investigações de autoridades que possuem foro privilegiado - caso de ministros de Estado e do presidente da República.
No material encaminhado aos procuradores, no entanto, não há menção às gravações feitas por Calero no caso, segundo fontes que acompanham o caso.
Nesta segunda-feira, 28, a PGR enviou uma requisição à Polícia Federal para receber o material gravado. Os procuradores alegam que só podem decidir qual andamento darão ao caso após analisar todo o material existente.
Além disso, nos bastidores, há um desconforto com o fato de a PF não ter compartilhado informações que podem influenciar a investigação de autoridades com foro privilegiado - uma atribuição da Procuradoria.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a PF analisa as gravações entregues pelo ex-ministro da Cultura no último dia 19, mesma data em que ele prestou depoimento.
O material ainda não foi encaminhado para a PGR, segundo delegados, porque a qualidade dos áudios é ruim e é preciso fazer um tratamento técnico nas gravações para averiguar se elas se referem ao que Calero relatou.
No domingo, 27, em entrevista à TV Globo, Calero confirmou que realizou gravações "por sugestão de alguns amigos da Polícia Federal".
Segundo ele, há registro em áudio de uma conversa "protocolar" com o presidente Michel Temer. Ele disse que não poderia confirmar gravações de conversas com Geddel e com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O despacho para a PF foi assinado por José Bonifácio Borges de Andrade, vice de Rodrigo Janot e procurador-geral da República em exercício, já que o PGR está em viagem ao exterior.