Ainda não se sabe a sua origem, mas, segundo o delegado, suspeita-se que venha de fora do País. (Win Mcnamee/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 12h36.
Recife - Dois médicos que utilizavam em seus pacientes toxina botulínica (botox) de origem clandestina foram presos nesta terça-feira em Pernambuco, dentro da Operação Narke, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na operação, foram presos cinco revendedores da substância ilegal em Minas Gerais, São Paulo e Paraíba, além de Pernambuco.
Resultado de nove meses de investigação, a operação apontou a venda ilegal da substância usada para tratamentos estéticos e de saúde, principalmente em estados nordestinos como Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe - também alvo das investigações. O botox sem registro da Anvisa era vendido para distribuidores, clínicas e profissionais de saúde. Doze mandados de busca e apreensão foram cumpridos na rota do botox irregular. Sessenta e seis médicos e profissionais de saúde identificados nos oito estados investigados foram intimados a depor.
De acordo com o delegado Humberto Freire de Barros, coordenador da operação que envolveu 80 policiais no País, o uso do botox clandestino visa o lucro. Enquanto a unidade do botox autorizado pela Anvisa pode custar até R$ 1 mil, o irregular era negociado por menos da metade do preço - em torno de R$ 400. A PF estima que o produto falsificado está em circulação no mercado há pelo menos cinco anos.
Ainda não se sabe a sua origem, mas, segundo o delegado, suspeita-se que venha de fora do País. Os revendedores recebiam o botox via correio e faziam o repasse para médicos e esteticistas.
Do total de prisões, três foram feitas em Pernambuco: além dos dois médicos - um do Recife e outro de Caruaru, no agreste -, foi preso um revendedor no bairro de Campo Grande, na capital. Com ele foi encontrado material em um depósito, que foi submetido a exames que revelaram "um teor ínfimo ou nulo da toxina botulínica", disse Freire de Barros. Numa segunda etapa da investigação, a PF vai procurar os pacientes que se submeteram ao tratamento a fim de verificar se apresentaram alguma reação adversa ao produto.
Os nomes dos presos não foram revelados. Eles poderão responder por crimes contra a saúde pública, contrabando e formação de quadrilha. Se condenados, as penas variam de 10 a 15 anos de prisão.