Brasil

PF investiga se boatos foram espalhados por telefone

A Polícia Federal vai investigar as mensagens telefônicas a beneficiários do Bolsa Família para esclarecer como começaram os boatos sobre o fim do programa

"Essa não é a única linha de investigação, quero frisar. Outras estão em curso", disse o minsitro da Justiça, José Eduardo Cardozo sobre a possibilidade de o boato ter sido espalhado por telefone (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

"Essa não é a única linha de investigação, quero frisar. Outras estão em curso", disse o minsitro da Justiça, José Eduardo Cardozo sobre a possibilidade de o boato ter sido espalhado por telefone (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2013 às 22h49.

São Paulo - A Polícia Federal vai investigar as mensagens telefônicas a beneficiários do Bolsa Família para esclarecer como começaram os boatos sobre o fim do programa que levaram a uma onda de saques do benefício, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nesta segunda-feira.

Ele afirmou que a liberação antecipada dos benefícios no dia 17 de maio, confirmada pela Caixa Econômica Federal nesta segunda-feira, está sendo investigada pela PF desde o início da semana passada, mas não acreditava que a antecipação dos recursos tivesse gerado os boatos sobre o fim do Bolsa Família.

"Estamos apurando tudo que tem que ser verificado para checar se a via telefônica foi utilizada por alguma empresa ou não, se por pessoa física, não importa... para plantar o boato. Essa não é a única linha de investigação, quero frisar. Outras estão em curso", disse Cardozo a jornalistas.

Em nota divulgada nesta segunda-feira, a Caixa Econômica Federal afirmou que não há qualquer relação entre a movimentação anormal verificada a partir das 13h de sábado, dia 18, em alguns Estados, e o pagamento do benefício antes da data prevista em calendário do programa.

"Tanto é assim, que não houve alteração da quantidade histórica de pagamento. Na sexta-feira (17), o volume de saques foi inclusive inferior ao mesmo período do mês anterior, com um total de 649 mil saques", disse a instituição em nota.

"Ao contrário, o fato de o calendário estar liberado evitou um problema maior caso as famílias não tivessem acesso ao seu benefício", acrescentou.

Mais cedo, o presidente do banco, Jorge Hereda, confirmou o a liberação antecipada dos recursos, contrariando informação dada por ele anteriormente.

"Tive a informação na segunda-feira (20 de maio) durante o dia (de que os pagamentos foram feitos na sexta-feira dia, 17 de maio) e mandei fazer levantamento exaustivo para saber o que ocorreu", disse em uma tensa entrevista de imprensa.


Na mesma segunda-feira em que Hereda afirmou ter tomado conhecimento da antecipação do benefício, o vice-presidente de Governo da Caixa, José Urbano, disse publicamente que o pagamento fora feito no sábado.

"No meio da crise, essa informação (da antecipação) circulou com imprecisão dentro da Caixa", disse Hereda na entrevista coletiva.

Hereda e Urbano alegaram que a área operacional antecipou o pagamento do Bolsa Família para o dia 17 sem o conhecimento da diretoria para cumprir um cronograma de renovação do cadastro das famílias que recebem o benefício.

Para o ministro da Justiça, a liberação antecipada dos recursos não estava ligada aos boatos porque a onda de saques foi concentrada no Nordeste do país e na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ele argumentou que se esse fosse o motivo, os saques teriam acontecido em âmbito nacional.

"Quero observar, é minha opinião pessoal, a priori é difícil associar essas duas questões numa relação de causa e efeito", disse ele, acrescentando que com as informações obtidas até agora com a investigação não é possível descartar uma "ação organizada".

Os boatos sobre o fim do programa do governo federal levaram milhares de pessoas às agências da Caixa entre os dias 18 e 20 de maio em busca do benefício.

Algumas pessoas alegaram ter sido informadas de que essa seria a última parcela a ser disponibilizada antes do encerramento do Bolsa Família. Outras disseram que foram sacar uma parcela extra do programa por causa do Dia das Mães.

O boato sobre o fim do Bolsa Família irritou a presidente Dilma Rousseff, que chegou a afirmar que o autor do rumor era "criminoso" e "desumano". Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os responsáveis pelo boato eram "gente do mal".

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, chegou a responsabilizar a oposição pelo ocorrido.

As informações desencontradas dentro do banco estatal levaram os senadores do PSDB Alvaro Dias (PR) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) a entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo que o caso seja investigado e que a direção da Caixa responda por improbidade administrativa.


"Dilma classificou o episódio de desumano e criminoso. Lula disse que foi praticado por gente do mal, e o presidente do PT (Rui Falcão) chamou o episódio de terrorismo eleitoral. O que não estava previsto nesse script era o fato de a CEF ter emitido declarações contraditórias caracterizando pouco zelo com a verdade", disse Dias.

Em 2012, o governo federal pagou 156,1 milhões de benefícios vinculados ao Bolsa Família, principal programa social da gestão do PT à frente da Presidência, no valor total de 20,2 bilhões de reais.

Neste ano até abril, foram pagos 52,2 milhões de benefícios, totalizando 7,6 bilhões de reais desembolsados, segundo dados da Caixa.

Já os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal mostram que em maio foram liberados 100,5 milhões de reais em média por dia para o Bolsa Família, ante média de 93,06 milhões de reais pagos entre janeiro e abril.

Acompanhe tudo sobre:Bolsa famíliaMinistério da Justiça e Segurança PúblicaPolícia Federal

Mais de Brasil

Apesar da alta, indústria vê sinal amarelo com cenário de juros elevado, diz economista do Iedi

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência