A PF fez busca e apreensão num hangar em Belo Horizonte e num escritório que era usado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) (Elza Fiúza/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2015 às 14h05.
Brasília e Belo Horizonte - A Polícia Federal apreendeu na sede da agência de publicidade Pepper, em Brasília, um computador e mochilas com materiais. A Pepper é alvo da segunda fase da Operação Acrônimo, deflagrada nesta quinta-feira, 25. A PF também fez busca e apreensão num hangar em Belo Horizonte e num escritório que era usado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
A Pepper é uma empresa contratada pelo PT para cuidar da página do Facebook da presidente Dilma Rousseff. Carolina Oliveira, mulher do governador e um dos alvos da Operação, trabalhou na agência de publicidade.
Os policiais chegaram à sede da agência no início da manhã e a busca prosseguia por volta das 12h30. A ação foi autorizada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, relator da Operação Acrônimo no Tribunal. O magistrado tornou-se relator do caso no Tribunal na semana passada, quando recebeu um pedido de inquérito encaminhado pela Polícia Federal para investigar a suposta participação de Pimentel no escândalo.
Além das ações na Pepper, operações de busca e apreensão estão sendo realizadas também em outros pontos, incluindo unidades no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, além do Distrito Federal. Segundo fontes, o hangar no aeroporto de Belo Horizonte teria sido usado pelo governador de Minas e por sua mulher para a viagem de lua de mel, para Punta del Este, no Uruguai.
Um dos endereços em que a PF realizou busca e apreensão é a sede da empresa OPR, de Otílio Prado, ex-sócio de Pimentel na P-21 Consultoria, empresa que antecedeu a OPR e foi criada pelo governador após 2008, quando ele deixou a prefeitura de Belo Horizonte.
Agentes da Polícia Federal também estiveram no prédio em que funcionou um escritório de Pimentel na campanha de 2014 ao Palácio Tiradentes. Os agentes saíram do edifício com um malote e um computador. A residência de Pimentel fica do outro lado da rua, a menos de 50 metros do prédio. O STJ negou autorização para que fossem realizadas buscas na residência e no gabinete do governador.
Assessores de Pimentel que estavam no local informaram que o governador se pronunciará por meio de nota durante a tarde.
Operação
A Operação Acrônimo foi deflagrada no fim de maio, quando foram realizadas buscas na casa da primeira-dama de Minas e na sede de uma antiga empresa que pertencia a ela. Na semana passada, contudo, o caso chegou ao STJ diante de investigações que passaram a envolver a suposta participação do governador.
A apuração teve início em outubro de 2014, quando a PF apreendeu um avião que voava de Minas a Brasília com R$ 113 mil a bordo. Estava na aeronave o empresário Benedito Rodrigues, o Bené, que é próximo a Pimentel e possui empresas do setor gráfico. Bené chegou a ser preso na primeira fase da operação, mas deixou a cadeia após pagar fiança.
O advogado de Pimentel, Antônio de Almeida Castro, o Kakay, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que esteve na semana passada com o ministro Herman Benjamin e pediu acesso ao inquérito.
O advogado disse que o governador se colocou à disposição para esclarecer dúvidas. A PF suspeita de atos ilícitos envolvendo a campanha de Pimentel ao governo do Estado. "As investigações têm de ser feitas e qualquer cidadão apoia, mas parece que está havendo competição de qual investigação é mais importante", reclamou Kakay.