Polícia Federal: de acordo com os investigadores, a quadrilha lavou cerca de R$ 300 milhões, dinheiro de origem criminosa (Divulgação/Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2013 às 13h11.
Brasília - A Operação Elementar está entre as vertentes de investigação da Operação Miqueias. As duas estão sendo executadas hoje (19) pela Polícia Federal (PF) para prender uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro, com origem em crimes como desvio de dinheiro público, corrupção, peculato e tráfico de drogas. As duas organizações criminosas envolvidas eram chefiadas pelos mesmos integrantes. Por esse motivo, as operações tiveram de ser feitas de forma simultânea.
De acordo com os investigadores, a quadrilha lavou cerca de R$ 300 milhões, dinheiro de origem criminosa. Desses, R$ 50 milhões tiveram como origem a má aplicação intencional de recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social administrados por prefeituras. O golpe incluía a compra de papéis de títulos podres de empresas próximas à falência ou sem condições de arcar com os vencimentos. As autoridades envolvidas, responsáveis pela gestão desses fundos, recebiam uma parcela do valor aplicado nos títulos podres.
Entre as prefeituras envolvidas no caso estão as de Manaus, Ponta Porã e Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa, Caldas Novas, Cristalina, Águas Lindas, Itaberaí, Pires do Rio e Montividiu (GO), de Jaru (RO), Barreirinhas, Bom Jesus da Selva e Santa Luzia (MA).
De acordo com o superintendente da PF no Distrito Federal, delegado Marcelo Mosele, “as chefias das duas organizações criminosas estavam sediadas em Brasília”, cidade onde vivem quatro policiais e dois delegados da Polícia Civil investigados, bem como lobistas e doleiros que participaram do esquema. A PF não informou quais deles seriam os chefes da quadrilha.
Nos casos que envolveram recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social, os investigadores identificaram que havia “uma gerência muito grande dos prefeitos” na aplicação dos fundos que, em geral, são geridos por pessoas nomeadas por eles. Para fazer a lavagem de dinheiro, foram usados mais de 30 empresas de fachada e 35 laranjas. O dinheiro era sacado por 11 pessoas – sete costumazes e quatro habituais.
Coordenadora da Operação Miqueias, a delegada federal Andrea Pinho disse que até o momento foram feitas 17 prisões: 14 em Brasília, uma em Goiás e duas no Rio de Janeiro. Ao todo, foram escalados mais de 300 policiais para cumprir 102 mandados judiciais, sendo 75 mandados de busca e apreensão, cinco prisões preventivas e 22 prisões temporárias em dez unidades federativas: o Distrito Federal, São Paulo, o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, o Maranhão, o Amazonas e Rondônia.
“Só no DF cumprimos 38 mandados de busca e tivemos cinco carros de valor considerável e uma moto apreendidos. Tanto a quadrilha que fazia lavagem de dinheiro quanto a que aplicava o golpe nos [fundos] previdenciários tinham os mesmos líderes, detentores de um patrimônio valiosíssimo que incluía uma lancha de aproximadamente R$ 5 milhões, lojas e carros de luxo, entre eles uma Ferrari”, disse a delegada. Segundo ela, a lancha apreendida “é provavelmente uma das maiores a circular no Lago Paranoá”, em Brasília.
A Operação Elementar é uma sequência da Operação Tucunaré, feita em 2008. Nela, a Polícia Civil investigou lavagem de dinheiro e evasão de divisas por doleiros. Na época, a Polícia Federal participou das investigações, durante as quais foi gravada conversa entre o doleiro Fayed Trabously e o policial aposentado Marcelo Toledo Watson, um dos investigados na Operação Caixa de Pandora.