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Lava Jato prende Paulo Preto e faz buscas em endereços de Aloysio Nunes

Objetivo da ação é apurar lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrecht por meio da atuação de operadores financeiros

Paulo Preto: Ex-diretor da Dersa é apontado como operador financeiro do PSDB (facebook/Reprodução)

Paulo Preto: Ex-diretor da Dersa é apontado como operador financeiro do PSDB (facebook/Reprodução)

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Reuters

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 08h25.

Última atualização em 7 de março de 2019 às 08h40.

São Paulo — A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (19) o ex-diretor da Dersa, estatal responsável pelas rodovias paulistas, Paulo Vieira de Souza na 60ª fase da operação Lava Jato.

A operação cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e também ao ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes Ferreira.

Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como operador financeiro do PSDB, atuou na lavagem de dinheiro para abastecer um esquema de propinas existente dentro da empreiteira Odebrecht.

Os procuradores afirmam que Preto "disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie a Adir Assad no Brasil".

O operador, por sua vez, teria entregue os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro Novis.

O doleiro, de acordo com a Lava Jato, realizava pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobras.

"A operação aprofunda a investigação de um complexo esquema de lavagem de dinheiro de corrupção praticada pela Odebrecht, que envolveu os operadores Paulo Vieira de Souza, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis, que mantiveram relações pelo menos entre 2007 e 2017", disse o MPF.

As transações investigadas superam R$ 130 milhões, que correspondiam ao saldo de contas controladas por Paulo Vieira de Souza na Suíça no início de 2017.

"Há risco significativo e iminente, a um só tempo, para a ordem pública e para a aplicação da lei penal, o que torna a prisão de Paulo Preto imprescindível", disse o MPF em nota ao justificar a prisão do ex-diretor da Dersa.

"De fato, sua custódia é necessária em razão da gravidade concreta dos crimes de lavagem de dinheiro relacionado à corrupção, que envolveram mais de uma centena de milhões de reais, da reiteração e habitualidade na prática de crimes por mais de uma década, na atualidade da lavagem de dinheiro e na sua atuação deliberada para impedir o bloqueio e confisco de valores ilícitos."

De acordo com a PF, na operação desta terça, batizada de Ad Infinitum, 46 policiais federais cumprem 12 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto, Guarujá e Ubatuba.

As investigações se basearam em depoimentos de colaboradores da Odebrecht e doleiros. A empreiteira, seus executivos e funcionários firmaram acordos de delação premiada com a Justiça, disse a PF.

De acordo com o Ministério Público Federal em São Paulo, Paulo Preto já é réu em duas ações penais, uma envolvendo as obras do Rodoanel Sul e outra sobre as obras do Sistema Viário de São Paulo.

Representantes de Paulo Vieira de Souza e de Aloysio Nunes Ferreira, que foi chanceler no governo Michel Temer e atualmente é presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, comandado pelo governador João Doria (PSDB), não foram encontrados para comentar.

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