Polícia Federal: os agentes cumprem 12 ordens judiciais, sendo 8 mandados de busca e apreensão, 2 de prisão temporária e 2 de condução coercitiva (Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Valéria Bretas
Publicado em 1 de abril de 2016 às 15h32.
* Atualizado às 11h25
São Paulo - Um dos alvos da 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta sexta-feira (1) pela Polícia Federal, é o empresário carioca Ronan Maria Pinto - dono do jornal Diário do Grande ABC e condenado por esquema de corrupção na gestão de Celso Daniel, morto em 2002, em Santo André (SP).
Segundo as investigações, dos R$ 12 milhões contraídos em empréstimo pelo pecuarista José Carlos Bumlai em 2004, 50% foi transferido de Bumlai para o Frigorifico Bertin. Posteriormente, por intermédio do Banco Schahin, os 6 milhões de reais foram repassados para o empresário Ronan Maria Pinto.
"Há evidências que apontam que o Partido dos Trabalhadores influiu diretamente junto ao Banco Schahin na liberação do empréstimo fraudulento. Para chegar ao destinatário final Ronan Maria Pinto, os investigados se utilizaram de diversos estratagemas para ocultar a proveniência ilícita dos valores e a identidade do destinatário final do dinheiro obtido na instituição financeira", afirma o Ministério Público Federal em nota.
De acordo com o procurador da PF, Diogo Castor, não há dúvidas de que Ronan usou parte desse dinheiro para comprar o Jornal. Segundo os procuradores, o objetivo da investigação é apurar o motivo do repasse ao empresário.
Batizada de Carbono 14, a operação é um desdobramento da 21ª fase, que prendeu o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai em novembro do ano passado. A suspeita é que, em outubro de 2004, o pecuarista tenha contraído um empréstimo no valor de R$ 12 milhões para quitar dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT).
Caso Celso Daniel
Ronan Maria Pinto foi condenado a 10 anos, 4 meses e 12 dias de reclusão, em regime fechado, por envolvimento em esquema de cobrança de propina de empresas de transportes contratadas pela prefeitura de Santo André, entre 1999 e 2001. Além do Diário do Grande ABC, ele também é dono de empresas de ônibus.
Bumlai teria afirmado, em delação premiada, que Pinto teria chantageado o PT e pedido os 6 milhões de reais para não contar o que sabia sobre esquema de corrupção local e a relação com o assassinato do prefeito Celso Daniel.
Operação Carbono
Além de Ronan, o ex-secretário nacional do PT Silvio Pereira foi preso temporariamente. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e Breno Altman, diretor editorial do site Opera Mundi, foram obrigados a depor. Em tempo: Delúbio Soares foi condenado por envolvimento no esquema de corrupção do Mensalãõ - no mês passado, teve sua pena perdoada.
-Segundo os procuradores, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, foi citado por Bumlai como a pessoa que representou os interesses do Partido dos Trabalhadores (PT) junto ao banco Schahin para obter os empréstimos fraudulentos.
Até o momento da entrevista coletiva, os agentes federais ainda cumpriam 12 ordens judiciais, sendo sendo oito mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e dois mandados de condução coercitiva nos municípios paulistas de São Paulo, Carapicuíba, Santo André e Osasco.
Veja os detalhes na coletiva de imprensa da 27º fase da operação.
Veja o despacho emitido pelo juiz federal, Sérgio Moro, sobre essa etapa da Lava Jato.