LULA: com o processo correndo, seria mantida uma espécie de pressão sobre o governo e sobre a Justiça brasileira / Fernando Donasci/ Reuters (Fernando Donasci/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2016 às 17h53.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h52.
Para a Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu 8 milhões de reais da Odebrecht como propina em operações que estão sendo investigadas pela Lava-Jato. Lula seria o “amigo” que aparece descrito nas planilhas apreendidas na sede da empreiteira, em São Paulo. A informação está no despacho que indiciou o ex-ministro Antonio Palocci pelo crime de corrupção passiva. De acordo com a PF, Palocci também teria recebido propina da empreiteira.
De acordo com o delegado Filipe Hille Pace, responsável pelo caso, “há respaldo probatório e coerência investigativa em se considerar que o ‘AMIGO’ das planilhas faça referência a Luiz Inácio Lula da Silva”. Os repasses eram feitos de uma espécie de conta-corrente com 23 milhões de reais que a empreiteira mantinha para o pagamento de propina proveniente de corrupção para o ex-presidente. Uma anotação na planilha faz referência ao pagamento de 8 milhões “sob solicitação e coordenação de Palocci” em 2012. Não se sabe o que aconteceu com os outros 15 milhões.
A conclusão da polícia se baseia no fato de o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que está preso em Curitiba, se referir a Lula como “amigo do meu pai” e “amigo de EO (Emilio Odebrecht)” em e-mails apreendidos. No domingo, o jornal Folha de S. Paulo noticiou que a Arena Corinthians, conhecida como Itaquerão, foi uma espécie de presente da empreiteira para Lula que teria sido planejado por Emilio Odebrecht. Emilio teria dado essa informação como parte da negociação para um acordo de delação premiada. Outros beneficiados da planilha seriam o próprio Palocci e alguém identificado como “pós-Itália”, que seria o também ex-ministro Guido Mantega.
Além de Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, o casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura, o assessor de Palocci, Branislav Kontic também foram indiciados pela Polícia Federal por crimes relacionados à 35ª fase da Operação Lava-Jato. Segundo as investigações, entre 2008 e 2013, 128 milhões de reais teriam sido pagos pela empreiteira ao PT e a pessoas ligadas ao partido. A propina teria sido repassada pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, criado somente para administrar propinas a agentes públicos.