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Pezão pode ter recebido propina de organização de Cabral, diz PF

Segundo a PF, foram encontradas anotações na casa de um dos operadores do esquema que trazem indícios de que Pezão seria um dos beneficiários

Luiz Fernando Pezão, governador do Rio: material da investigação foi enviado ao STJ, já que Pezão tem foro privilegiado. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Luiz Fernando Pezão, governador do Rio: material da investigação foi enviado ao STJ, já que Pezão tem foro privilegiado. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 19h48.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2017 às 20h59.

Rio de Janeiro -O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, pode ter recebido recursos irregulares do esquema do ex-governador do Estado Sérgio Cabral, segundo um relatório da Polícia Federal encaminhado à Justiça Federal.

No documento, que a Reuters teve acesso, a PF informa ao juiz titular da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, que foram encontradas anotações na casa de Luiz Carlos Bezerra, um dos operadores do esquema de cobrança de propina montado por Cabral durante seus dois mandatos, que trazem eventuais indícios de que Pezão poderia ser um dos beneficiários.

"Em análise do material físico apreendido na residência de Luiz Carlos Bezerra verificam-se alguns manuscritos que podem servir de elementos probatórios que vinculam o governador atual do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, no possível esquema de recebimento de propina de um dos operadores financeiros do ex-governador Sérgio Cabral", relata o documento da PF.

Nessas anotações, é possível ver números, supostamente quantias de dinheiro com o nome "Pé" e "P Zão", ao lado dos valores, o que poderia ser uma referência ao atual governador do Estado.

Segundo a PF, há 6 citações que poderiam ligar Pezão ao esquema, sendo 5 menções feitas no valor de 140 mil reais e uma de 50 mil reais.

A origem dos recursos não foi especificada nem a finalidade da verba em tese arrecadada. Uma das suspeitas é que o dinheiro poderia ter sido usado em campanha política.

O governador Pezão disse que tomou conhecimento do relatório mas negou participar de qualquer esquema ilegal.

"Sobre relatório da Polícia Federal, o governador Luiz Fernando Pezão informa que continua à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos a respeito das investigações. Pezão ressalta que suas contas já foram analisadas em processos anteriores da Polícia Federal, e estes foram arquivados", disse o governador em nota.

Como tem foro privilegiado de governador, caso o Ministério Público Federal decida oferecer denúncia contra Pezão, o caso terá de ser apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O ex-governador Sérgio Cabral está preso desde o ano passado no complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio.

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