Luiz Fernando Pezão: o governador do Rio foi ouvido pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal (Tânia Rêgo/ABr/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 7 de abril de 2017 às 21h46.
Em depoimento hoje (7) à Justiça Federal no Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão negou que tenham ocorrido irregularidades em projetos na época em que foi secretário de Obras do estado durante a gestão de Sérgio Cabral.
Pezão foi arrolado como testemunha de defesa de Cabral, no processo em que o ex-governador, que está preso em Bangu 8, responde por corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional, dentro das investigações da Operação Calicute, um desdobramento da Lava-Jato.
O governador foi ouvido pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal.
Pezão disse que solicitou uma inspeção por órgãos federais nas obras de sua gestão como secretário.
"Quando começou a sair relatórios do TCE [Tribunal de Contas do Estado] com números fantasiosos, com números totalmente mentirosos, pedi uma inspeção especial ao ministro Torquato [Jardim, do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União], fui ao ministro das Cidades, o ministro Bruno [Araújo], fui à Caixa Econômica Federal, para nós realizarmos um grande debate sobre todas as obras que estavam levantando suspeitas".
O governador disse que não tem problema nenhum em debater, "assim como a gente debateu com o TCU [Tribunal de Contas da União] o Maracanã e depois foi aprovado, por unanimidade".
Pezão disse que quer esclarecer os fatos e as conversas com os órgãos de controle começam na segunda-feira (10). "Debater com os nossos técnicos, quero que mostrem onde estão os erros e tudo, porque eu não sei!"
Pezão explicou que foi escalado por Cabral para fazer o contato com o governo federal sobre as obras em andamento no estado.
"O presidente Lula escalou a presidenta Dilma para nós realizarmos os projetos. Eu cuidava do trabalho de campo, cuidava da desburocratização desses recursos, que não são fáceis, e cuidava de vencer a burocracia dentro do TCE, do TCU. Agora, se teve algum problema, a Justiça que vai julgar, a Justiça que está vendo. Eu quero mostrar o período em que fui secretário de Obras, confio plenamente nas pessoas que estavam à frente desses órgãos, que foram para campo, que realizaram. Nós entregamos as obras".
Procurado pela reportagem, o Ministério da Transparência informou que não irá se pronunciar sobre a proposta do governador.
Perguntado sobre as investigações da Operação Quinto do Ouro, da Polícia Federal, que ouviu o secretário de Comunicação, Marcelo Amorim, e o secretário de Governo, Affonso Monnerat, nas investigações sobre suposto pagamento de propina para membros do TCE, Pezão defendeu seus colaboradores.
"Vou mantê-los [no governo], [o envolvimento deles] é um trecho pinçado de uma delação, não tem nada a ver. O Rio de Janeiro é o único estado que submete seus editais previamente ao Tribunal de Contas para correções, nós não corremos o risco de fazer licitações e depois ter exigências e a licitação parar. A gente sempre adotou isso como um critério da Procuradoria. O Afonso era uma pessoa que centralizou [informações]. A pedido do conselheiro Jonas Lopes [delator do esquema], no início do meu segundo mandato, ele me pediu uma pessoa que centralizasse essas informações, porque são muitas secretarias, para não estar todos os secretários indo ao Tribunal de Contas do Estado".