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Pezão lamenta suspeita de envolvimento policial com milícias

Policiais militares são acusados por envolvimento no esquema de cobrança de propinas de comerciantes, empresários e ambulantes no Rio de Janeiro


	Luiz Fernando Pezão: "é lamentável ter distintivo da polícia, receber salários como os que pagamos, principalmente aos oficiais, e cometer desvios dessa natureza"
 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Luiz Fernando Pezão: "é lamentável ter distintivo da polícia, receber salários como os que pagamos, principalmente aos oficiais, e cometer desvios dessa natureza" (Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 17h05.

Rio de Janeiro - O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, lamentou hoje (15) a suspeita de envolvimento de 24 policiais militares no esquema de cobrança de propinas de comerciantes, empresários e ambulantes da zona oeste do Rio.

Um dos presos, o coronel Alexandre Fontenelle, atual chefe do Comando de Operações Especiais, tinha como subordinados batalhões de elite da PM, entre eles o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque.

"É lamentável ter distintivo da polícia, receber salários como os que pagamos, principalmente aos oficiais, e cometer desvios dessa natureza. Não vamos compactuar com o envolvimento de policiais com as milícias", disse o governador ao deixar o Rio Oil & Gas, evento que reúne, no Riocentro, empresas do setor de petróleo.

"Nosso governo cortou na carne. esde o início, com investigações do próprio estado, punimos 1,8 mil policiais descobertos em atividades ilegais", observou.

Segundo Pezão, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, continuará tendo autonomia para promover mudanças no 14º Batalhão (Bangu), onde atuava a quadrilha, e na cúpula da Polícia Militar. "O governador Sergio Cabral não se metia. Farei o mesmo. Nosso governo despolitizou as secretarias, dando autonomia aos secretários para as nomeações", salientou.

A operação foi deflagrada esta manhã pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), em conjunto com agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Denominada Operação Compadre 2, a ação cumpriu 25 mandados de prisão, sendo 24 contra policiais militares, entre os quais seis oficiais. Dois policiais militares e um civil continuam foragidos.

Em 2013, a Operação Compadre desarticulou uma quadrilha que cobrava propina de feirantes e comerciantes flagrados com mercadorias ilícitas. O governador lembrou que, à época, foram expedidos 78 mandados de prisão contra PMs.

Conforme a denúncia, “o 14° BPM foi transformado em verdadeiro ‘balcão de negócios’, numa verdadeira ‘sociedade empresária S/A’, em que os lucros eram provenientes de arrecadação de propinas por parte de diversas equipes policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo. A principal parte era repassada para a denominada ‘Administração’, ou seja, os oficiais militares integrantes do ‘Estado Maior’, que detinham o controle do 14º BPM, os controles das estratégias, das equipes subalternas e do poder hierárquico”.

Pezão comentou, ainda, os arrastões nas praias do Rio. Cobrou a necessidade de mudanças no Código Penal para ajudar no combate a esse tipo de crime e anunciou a prisão de 30 menores. "Prendemos, mas, infelizmente, eles saem da delegacia junto com o policial responsável pelas detenções", lamentou. Afirmou que 600 policiais trabalharam ontem na orla. "Não temos como aumentar o contingente, mas podemos reforçar a inteligência, usar câmeras da prefeitura e, cada vez mais, a tecnologia", concluiu o governador.

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