Governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, após reunião no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília (Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2015 às 22h07.
Rio de Janeiro - Aliado do governo federal, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta sexta-feira suspeitar que a denúncia contra ele feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e que deu origem a uma investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) tenha motivações políticas articuladas pelo senador petista Lindberg Farias.
Em entrevista à Reuters, Pezão negou que tenha se beneficiado do esquema de desvio de recursos da estatal. Ele será investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro após abertura de inquérito do STJ.
"Começo a achar que é uma denúncia política. Ele (Costa) foi coordenador de campanha do Lindberg; foi arrecadador da campanha dele. Só pode ser política", afirmou Pezão à Reuters por telefone.
Lindberg foi candidato ao governo do Rio no ano passado, e no segundo turno apoiou o candidato Marcelo Crivella (PRB), adversário do governador eleito Pezão.
Procurado, o senador petista não foi encontrado para comentar o assunto.
Lindberg está entre os 47 políticos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) suspeitos de terem se beneficiado do esquema de desvio de recursos da Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A denúncia que deu origem à abertura de investigação no STJ foi feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa que, em delação premiada, disse que o ex-governador do Estado Sérgio Cabral (PMDB) e o atual governador, Pezão, teriam recebido 30 milhões de reais desviados da Petrobras para abastecer a campanha eleitoral de 2010. Na época, Cabral foi reeleito e Pezão era o vice.
As acusações foram negadas por ambos. Pezão afirmou que está tranquilo, mas "chateado" com a acusação que deu origem à investigação.
"Meu sentimento é de ter sido julgado e condenado sem ter o direito de me defender. Depois que eu vi a delação e recebi em mãos, é algo muito estranho, já que veio de um cara que foi coordenador de campanha do meu adversário", declarou ele.
"Vejo um movimento político. Estou sendo enxovalhado por conta de uma reunião que não houve", completou.
Pezão é aliado do governo federal desde o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acordo previa apoio do PMDB fluminense ao governo que, em troca, abriria mão da candidatura própria nas eleições locais.
No ano passado, o PT do Rio de Janeiro "rompeu" a aliança ao lançar a candidatura de Lindberg, mas mesmo assim Pezão manteve apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A estratégia de defesa de Pezão começou a ser construída nesta sexta-feira com base em consultas feitas ao seu partido, procuradores do Estado e os demais acusados --Cabral e o ex-chefe da Casa Civil estadual Régis Fichtner.
"Estou vendo com eles o que fazer. Não tenho nem advogado... não tenho ideia se posso ter advogado separado ou se tem que ser uma defesa tríplice", disse Pezão.
Pessoas próximas à campanha do petista revelaram que Costa participou de reuniões abertas em que se discutiu o plano de governo para o setor de energia, mas não confirmaram a atuação do ex-diretor da Petrobras como arrecadador ou coordenador da campanha.