(Roque de Sá/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2023 às 21h59.
Última atualização em 3 de janeiro de 2023 às 22h03.
A Petrobras informou nesta terça-feira, 3, que recebeu o ofício do Ministério de Minas e Energia com a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para o cargo de presidente e membro do conselho de administração da empresa.
Segundo comunicado da estatal, a indicação, após efetivada, será submetida ao processo de governança interna da empresa.
Prates foi anunciado como futuro presidente da Petrobras pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 30 de dezembro.
O senador é crítico da política de paridade com os preços internacionais e já chegou a dizer que podem haver alterações em sua gestão.
Para assumir de fato o cargo na Petrobras, Prates, que é especializado no setor de energia, precisará passar por um rito de acordo com a governança da empresa, como acontece com todos os presidentes indicados.
O atual presidente da estatal, Caio Paes de Andrade, indicado por Bolsonaro, já sinalizou que vai renunciar ao cargo. Com o gesto, todos os integrantes do atual conselho de administração perderão seus cargos, permitindo ao governo Lula indicar todos os representantes da União no colegiado.
Ainda assim, há discussões sobre a nomeação de Prates diante da Lei das Estatais — opositores apontam que Prates não poderia assumir o cargo por sua proximidade com o PT. A Lei das Estatais veda “pessoa que atuou, nos últimos 36 meses [ três anos ], como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”.
Prates é senador pelo Rio Grande do Norte, cargo que segue ocupando até o fim desta legislatura e posse dos novos senadores, em 1º de fevereiro.
Prates também foi candidato à prefeitura de Natal em 2020, quando acabou derrotado.
O senador é especialista no setor de energia e foi um dos coordenadores do grupo que discutiu o tema durante a transição. Ele também foi o principal interlocutor de Lula para o setor durante a campanha, além de ter conversado várias vezes com o mercado sobre o assunto.
O momento de reajuste dos preços na Petrobras com base nas movimentações internacionais tem sido motivo de polêmica nos últimos anos.
Durante o governo Bolsonaro, a empresa chegou a demorar alguns meses para reajustar para cima os preços de gasolina e diesel, embora a estatal (que tem parte do controle acionário privado) negue que tenha havido uma ação deliberada para segurar o preços.
Por outro lado, Bolsonaro também já reclamou de altas promovidas pela Petrobras durante seu governo, enquanto a empresa afirma que estava somente cumprindo a equiparação estipulada.
Bem-vista pelo mercado, a política de paridade de importação (PPI) foi iniciada no governo Michel Temer e mantida por Bolsonaro ao assumir, em meio a promessas liberalizantes na campanha. Mas, com a alta dos combustíveis e impactos na popularidade do presidente, o governo Bolsonaro, ao longo de 2022, passou a disparar críticas públicas contra a Petrobras e os diretores e conselheiros indicados pelo próprio Planalto.
Um dos presidentes da Petrobras indicados por Bolsonaro chegou a ficar menos de um mês no cargo diante dos embates.
A Petrobras é responsável pelo refino de cerca de 80% da gasolina e 70% do diesel consumidos no Brasil, de modo que sua decisão de preços impacta os valores finais (embora esse valor siga diminuindo em meio à privatização de parte das refinarias, que tem avançado). Já o restante é importado ou refinado por refinarias privatizadas.
O preço final na bomba inclui ainda impostos e as margens de lucro ao longo da cadeia de distribuição — o que faz o preço da gasolina ou do diesel variar a depender dos postos e dos estados.