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Petrobras poderá ter de investir até US$ 380 bilhões

Petroleira deverá gastar de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões na instalação de plataformas e infraestrutura de escoamento da produção


	Guindastes trabalham na construção de um navio de produção de petróleo da Petrobras
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Guindastes trabalham na construção de um navio de produção de petróleo da Petrobras (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 21h46.

Rio e São Paulo - Os R$ 15 bilhões em bônus e antecipações, a serem pagos pela Petrobras à União por quatro áreas do pré-sal da Bacia de Santos, são pouco perto dos investimentos necessários para explorar o petróleo.

A petroleira deverá gastar de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões na instalação de plataformas e infraestrutura de escoamento da produção, segundo cálculo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que utilizou como base a estimativa de gasto de US$ 200 bilhões para o campo de Libra, também no pré-sal, licitado em 2013.

A avaliação do mercado um dia após o anúncio da contratação direta da estatal, sem licitação, é de que o projeto exigirá muito mais do caixa da empresa, o que contribuiu para desvalorizar a empresa.

A perspectiva de que os gastos da estatal aumentarão nos próximos anos e de que faltam fontes de recursos para cobri-los continuou, nesta quarta-feira, 25, incomodando o mercado, com quedas nas cotações pelo segundo dia consecutivo.

Os papéis ordinários (com direito a voto) tiveram queda de 3,34% e os preferenciais, de 1,98%. Apenas nos pregões de hoje e ontem, o valor de mercado (a multiplicação do total das ações pela cotação final do pregão na Bolsa) da Petrobrás encolheu em R$ 13,250 bilhões, para R$ 217,650 bilhões.

Confirmado, o investimento previsto em plataformas e infraestrutura corresponderá a US$ 35 bilhões em cinco anos, no mínimo, ou a um adicional na área de Exploração e Produção da Petrobrás de 22%, considerando os US$ 153,9 bilhões previstos para a área no Plano de Negócios da companhia, relativo ao período de 2014 a 2018.

As condições geológicas e técnicas das áreas são parecidas, o que permite a comparação entre as áreas envolvidas na contratação direta - Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi - e Libra, disse Adriano Pires, diretor do CBIE.

A diferença está na dimensão das reservas potenciais. Em Libra, são 8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, que inclui gás natural) e, nas quatro áreas, variam de 9,8 bilhões a 15,2 bilhões de BOE.

"É claro que se trata de um número aproximado, porque pode ser que a Petrobrás realmente consiga reduzir de alguma forma o custo por aproveitar infraestruturas já existentes, como mencionou a presidente da estatal, Graça Foster. Mas o investimento por barril não fugirá muito daquele de Libra", disse o especialista.

Na área licitada ano passado, cada 1 bilhão de boe deve custar US$ 25 bilhões à Petrobras e aos seus sócios.

Além de avaliações negativas pela maioria dos analistas de bancos e corretoras que acompanham a empresa, o anúncio gerou dois rebaixamentos de recomendação a investidores.

O UBS mudou a recomendação de compra para neutra, diante do aumento da percepção de risco relacionado à governança corporativa.

Já o Bradesco, segundo operadores de mercado, alterou a avaliação de "desempenho acima da média do mercado" (outperform, no jargão da Bolsa) para "em linha com o mercado" (market perform), diante da percepção de que o contrato é ruim para a companhia.

O banco de investimentos BTG Pactual alertou para o aumento do risco de que a empresa recorra a novo aumento de capital em 2015. Os analistas Gustavo Gattass e Andres Cardona avaliaram, em relatório, que o mercado não deve gostar do novo acordo, mesmo que possa ser economicamente bom, porque vai pressionar ainda mais o balanço da estatal.

Entre tantos questionamentos sobre as condições da contratação direta da Petrobras pela União está também o quanto esse investimento irá prejudicar os demais projetos do pré-sal, diz um analista de banco que preferiu não se identificar.

Ele receia que outros desembolsos tenham que ser feitos para a União na forma de lucro-óleo (parte que cabe ao governo pelos ganhos com as áreas, pelo modelo de partilha) e que, por fim, falte recurso à Petrobras para dar conta de todo plano de investimento.

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