Brasil

Petrobras descobre petróleo no pré-sal da Bacia de Campos

Companhia encontrou indícios do óleo em um poço exploratório de uma área arrematada com outras duas petroleiras em leilão da ANP em 2018

Petrobras: estatal informou que encontrou sinais da presença de petróleo em um poço exploratório numa área de águas ultraprofundas no pré-sal, no sul da Bacia de Campos (Germano Lüders/Exame)

Petrobras: estatal informou que encontrou sinais da presença de petróleo em um poço exploratório numa área de águas ultraprofundas no pré-sal, no sul da Bacia de Campos (Germano Lüders/Exame)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 20h49.

Última atualização em 23 de setembro de 2020 às 21h07.

Há 43 anos em atividade, a Bacia de Campos, no litoral fluminense, tem sido marcada ultimamente pelo declínio na produção de petróleo enquanto aumenta o protagonismo dos campos do pré-sal na Bacia de Santos.

No entanto, uma descoberta anunciada pela Petrobras nesta quarta-feira mostra que ainda há chance de aumento da produção na região.

A estatal informou que encontrou sinais da presença de petróleo em um poço exploratório numa área de águas ultraprofundas no pré-sal, no sul da Bacia de Campos.

A descoberta foi feita no bloco C-M-657, arrematado em leilão da 15ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2018. O poço foi chamado de Naru.

O poço está localizado a aproximadamente 308 quilômetros da costa da capital fluminense, a uma profundidade de 2.892 metros da lâmina d'água ao solo submarino.

A descoberta foi feita apenas dois anos depois de o bloco ter sido arrematado em leilão pelo consórcio formado pela Petrobras (30%), que é a operadora, pela americana ExxonMobill (40%) e pela norueguesa Equinor (30%), sob regime de concessão.

Além do resultado positivo em pouco tempo de exploração, o achado foi o primeiro numa região onde até agora os poços perfurados se mostraram secos.

Segundo a Petrobras, os dados coletados no poço serão analisados para melhor avaliar o potencial e direcionar as atividades exploratórias na área.

"O Rio de Janeiro tem nos dado muitas alegrias, como o anúncio de hoje de manhã da descoberta de Naru, em águas ultraprofundas no pré-sal na Bacia de Campos. Ainda estamos avaliando seu potencial, mas é uma perspectiva positiva", afirmou o diretor de relacionamento institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, durante um evento online da Federação das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a quinta edição do Anuário de Petróleo no Rio.

Evidência de óleo fora de área especial

O anúncio feito pela Petrobras foi considerado muito importante pelo geólogo Pedro Zalán, da Zag Consultoria em Exploração de Petróleo, porque é uma evidência da existência de reservas de petróleo em uma região fora do chamado polígono do pré-sal.

Trata-se da área especial entre o Espírito Santo e São Paulo onde vigora o regime de partilha do óleo entre as petroleiras e a União por causa da alta produtividade.

O campo onde foi feita a descoberta, no sul da Bacia de Campos, fica fora do polígono, com exploração sob o modelo de concessão: as petroleiras pagaram pelo direito de explorar e embolsam todo o lucro da produção mediante o pagamento de impostos e royalties.

Segundo Zalán, a descoberta reforça o potencial de existência de petróleo no pré-sal em áreas que ficam a leste do polígono, perto do limite com a Bacia de Santos.

A Shell perfurou dois poços que se mostraram secos próximo da região da descoberta, sendo que um deles, chamado Saturno, representou uma grande frustração para os geólogos.

"Essa descoberta na mesma região de ultrafronteira volta a levantar os ânimos que estavam baixos com os poços secos até então", afirmou Zalán.

Segundo o especialista, além do bloco com o poço descobridor, vários outros blocos na mesma região foram licitados na 15ª rodada e na 16ª rodada de licitações da ANP, sem terem tido sucesso ainda na tarefa de encontrar petróleo.

A Bacia de Campos se estende desde a altura da cidade de Vitória, no Espírito Santo, até Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro. O primeiro campo foi descoberto em 1974, com produção iniciada em 1977.

A partir do trabalho realizado na Bacia de Campos, a Petrobras desenvolveu tecnologias para a produção em águas cada vez mais profundas, o que levou a estatal à descoberta dos reservatórios da camada do pré-sal, confirmada em 2006.

Campos ficará com 22% dos investimentos

Com a produção em declínio, a Bacia de Campos deve receber cerca de 22% dos investimentos de 40 bilhões a 50 bilhões de dólares que a Petrobras pretende fazer entre 2021 e 2025, disse nesta quarta-feira o diretor da Petrobras Roberto Ardenghy no evento da Firjan.

Mesmo com o foco no pré-sal como principal estratégia, a empresa planeja revitalizar a produção nos campos do pós-sal dessa região do norte fluminense. O aumento da produção na região favorece a arrecadação de impostos e royalties no estado do Rio e a geração de empregos.

"É um valor importante [o dos investimentos], nós ainda acreditamos que temos muito petróleo e gás a ser produzido nessa região. E apesar de termos o foco no pré-sal, o pós-sal ainda é importante", destacou o executivo.

De acordo com Roberto Ardenghy, entre os vários projetos da Bacia de Campos que vão contar com mais investimentos para aumento da produção estão os campos de Marlim Sul, Marlim, Roncador e Tartaruga Verde

No dia 15 de setembro a Petrobras anunciou redução dos investimentos em exploração e produção, que ficarão entre os 40 bilhões e 50 bilhões de dólares, ante os 64 bilhões de dólares previstos no plano anterior de 2020/24. Segundo o diretor, em breve a Petrobras divulgará seu novo plano de negócios para o período de 2021/15.

Acompanhe tudo sobre:PetrobrasPetróleoPré-salRio de Janeiro

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022