Especialista dedetiza cemitério contra mosquito da dengue e do zika vírus (Ernesto Benavides / AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2016 às 19h55.
São Paulo - Pesquisadores de ponta no Brasil estão pegando emprestado técnicas usadas para acelerar a luta contra o Ebola na esperança de desenvolverem um tratamento para o Zika vírus que poderia ser testado em humanos em um ano.
O professor Jorge Kalil, chefe do Instituto Butantan, afirmou à Reuters nesta semana que cientistas do instituto planejavam usar animais para produzir anticorpos para combater o vírus, que, suspeita-se, pode ser o causador de má-formação cerebral em mais de 4.000 bebês no Brasil. Uma rota de pesquisa similar foi usada na busca para um tratamento contra o Ebola.
Não há cura ou vacina para o vírus, que foi descoberto na floresta Zika em Uganda em 1947. Ele foi detectado no Brasil pela primeira vez no ano passado e desde então se espalhou para pelo menos 26 países nas Américas.
O vírus tem efeitos leves, como olhos avermelhados, febres, dores no corpo e irritação na pele, e cerca de 80 por cento das pessoas infectadas não apresentam sintomas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou na segunda-feira um estado de emergência de saúde pública devido ao Zika, atribuindo mais urgência às pesquisas para determinar se a infecção em gestantes causa realmente a microcefalia nos recém-nascidos. O Brasil investiga 4.074 casos suspeitos de microcefalia.
O imunologista Jorge Kalil afirmou que o Butantan estava cultivando o vírus em quantidades suficientes para iniciar os testes, isolando anticorpos de roedores. Os pesquisadores tentariam então produzi-los em quantidades maiores em cavalos, purificando os anticorpos no laboratório antes de testar em humanos.
"Os anticorpos poderiam ser injetados nas mulheres com o Zika para neutralizar o vírus”, declarou Kalil em entrevista à Reuters. “Acho que podemos chegar nesse ponto em um ano.” Os pesquisadores não têm um modelo claro de como o vírus opera em animais ou humanos. Diversas organizações estão trabalhando no tema em roedores e primatas por causa da urgência, afirmou Kalil.
Ele disse ter esperança de que a declaração de emergência da OMS leve o Brasil a suspender restrições burocráticas para as importações de equipamentos e materiais necessários para produzir soros e vacinas, como também as restrições para as exportações de amostras médicas para os Estados Unidos.