Lula e Bolsonaro: disputa para presidente polarizada entre os dois. (Ricardo Stuckert/Alan Santos/Flickr)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 29 de setembro de 2022 às 00h01.
Última atualização em 29 de setembro de 2022 às 15h46.
Se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 49% dos votos válidos, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), 38%, segundo a pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA, divulgada nesta quinta-feira, 29. A projeção de voto válido não leva em conta brancos e nulos. Se um candidato atinge a marca de 50% mais um dos votos válidos, sai vitorioso em primeiro turno.
Com a margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Lula tem entre 46% e 52%. Já Bolsonaro oscila entre 35% e 41%. Atrás dos dois aparece Ciro Gomes (PDT), com 7% - tem entre 4% e 10% -, e Simone Tebet (MDB), com 5% - oscila entre 2% e 8%. Os outros candidatos juntos somam 1%.
Na opinião de Maurício Moura, fundador do IDEIA, apesar de um número apertado e dentro da margem de erro, é mais provável que haja um segundo turno. Para ele, o chamado voto útil não é uma estratégia que a campanha de Lula está usando muito, e essa tática pode até ser contrária ao ex-presidente por existir ainda um sentimento antipetista muito forte na sociedade brasileira.
"Para saber se haverá segundo turno, é preciso olhar o comportamento dos eleitores de Ciro Gomes que ainda estão indecisos. Eles tendem a mudar de voto para Lula. Por outro lado, os eleitores que já definiram voto em Ciro e em Tebet têm se mostrado muito resilientes. É preciso considerar também que entre os eleitores de Bolsonaro tem o chamado voto envergonhado, com pessoas não declarando a opção em pesquisa. Esse eleitorado chega a 1%. Isso não ganha eleição, mas pode levar a um segundo turno", afirma.
Entre os entrevistados por EXAME/IDEIA, 63% dizem que preferem que a eleição presidencial termine no primeiro turno, 17% dizem que gostariam de uma segunda etapa da eleição, e 20% não concordam nem discordam.
Para a pesquisa, foram ouvidas 1.500 pessoas entre os dias 23 e 28 de setembro. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. O nível de confiança de 95%. A sondagem foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-09782/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo.
Na simulação de primeiro turno, considerando os brancos e nulos, Lula aparece com 47% das intenções de voto, três a mais que na pesquisa feita há um mês. Bolsonaro cresceu um ponto, e tem 37%. Ciro caiu três pontos, e aparece com 6%. Tebet oscilou um ponto para cima, ficando com 5%. Os brancos e nulos são 4% dos que responderam a pesquisa, e em agosto eram 5%.
Levando em conta a série histórica, é o maior número de intenções de voto de primeiro turno que o petista tem desde que sondagem começou a ser feita. A distância entre Lula e Bolsonaro, que era de 8 pontos na pesquisa feita há um mês, agora é de 10 pontos percentuais.
“A campanha, iniciada no dia 16 de agosto, teve baixo impacto na mudança do voto. A curva dos quatro principais candidatos é constante, com pouca variação ao longo do tempo. Isso é efeito também dessa eleição ter dois candidatos a presidente muito conhecidos, o que é algo novo. Mesmo o Ciro, que já disputou outras eleições, tem essa característica de ser conhecido”, diz Maurício Moura.
Os números por região mostram que Lula ganhou terreno entre os eleitores do Sudeste. Para Maurício Moura, proporcionalmente é onde há um maior número de indecisos, grupo que o petista tem se saído melhor ao tentar dialogar.
Na sondagem feita em agosto, Lula tinha 34% das intenções de voto, e agora aparece com 46% entre os eleitores do Sudeste, um crescimento de 12 pontos. Bolsonaro perdeu intenções de voto, saindo de 46% para 43%. O cenário atual é considerado empate técnico por estar dentro da margem de erro, de seis pontos percentuais, nos estratos de grupos da pesquisa quando analisados por região.
“O aumento de Lula no Sudeste se deve, sobretudo, ao crescimento das intenções de voto dele em São Paulo e em Minas Gerais, os maiores colégios eleitorais do país. É no Sudeste onde está, proporcionalmente, a maior parte dos indecisos, de mulheres e da classe C”, diz Moura.
LEIA TAMBÉM: Eleições 2022: em busca da classe C do Sudeste
No restante das regiões, Lula tem ampla vantagem em uma: o Nordeste. Bolsonaro aparece à frente no Sul e no Centro-Oeste. No Norte o cenário é o mesmo do Sudeste, com empate técnico.
“Ao ver o mapa das intenções de voto nas regiões, é curioso notar que ele é bem similar ao de 2018. A diferença é justamente no Sudeste, que vai definir a eleição. Há quatro anos, o presidente venceu em Minas Gerais e em São Paulo. Agora, tudo mostra que Lula deve sair vitorioso nesses dois estados”, afirma Moura.
De acordo com a pesquisa feita no dia 22 de setembro, apenas com eleitores de São Paulo, Lula tem 40% das intenções de voto, e Bolsonaro, 37%. Na sequência, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. Felipe D'Ávila (Novo), Sofia Manzano (PCB) e Soraya Thronicke (União Brasil) têm 1% das intenções de voto cada, em SP.
LEIA TAMBÉM
A pesquisa EXAME/IDEIA também fez cinco cenários de segundo turno. Lula lidera em todas as simulações, com mais de 50% das intenções de voto. Bolsonaro também aparece em vantagem - menos na disputa contra Lula - sendo a mais apertada em um confronto com Ciro Gomes (41% X 35%).
Com impacto direto nas intenções de voto do presidente Bolsonaro, a avaliação de governo é um termômetro do sentimento dos eleitores. Entre os entrevistados, 46% avaliam o governo como ruim ou péssimo, 35% consideram ótimo ou bom, e 18%, regular. Na série histórica, a desaprovação não é a pior do mandato do presidente - já chegou a 57% em julho de 2021 - mas é a mais alta entre os que tentaram a reeleição.
Em outra pergunta que mede a aprovação do nome do presidente Bolsonaro, 51% dizem que ele não merece ser reeleito, 44% avaliam que sim, e 6% não sabem.
“Jair Bolsonaro vai para esta eleição como pior presidente avaliado desde a redemocratização. Todos os pares que tentaram a reeleição chegaram com popularidade majoritariamente alta. É uma novidade eleitoral no Brasil ter um incumbente em um cenário tão frágil de primeiro turno”, diz o fundador do IDEIA, Maurício Moura.