A percepção de aumento de corrupção saltou de 17% para 21% (Governo de transição/Divulgação)
Clara Cerioni
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 16h19.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 16h21.
São Paulo – Os brasileiros estão um pouco mais céticos quanto à diminuição da corrupção no país, de acordo com a segunda edição da série mensal da pesquisa XP Investimentos.
A percepção de que a corrupção terá diminuído ou diminuído muito nos próximos seis meses caiu de 56% para 51% dos entrevistados, enquanto a percepção inversa, de que a corrupção vai piorar no futuro próximo, saltou de 17% para 21%.
A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 14 de dezembro e foram ouvidas 1.000 pessoas e a margem de erro é de 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
O levantamento também apontou também a repercussão do episódio envolvendo o ex-funcionário do senador eleito Flávio Bolsonaro, filho do futuro presidente.
63% dos entrevistados dizem ter tomado conhecimento do episódio mas afirmam que isso não alterou sua opinião em relação a Bolsonaro.
Já 15% dizem ter tido contato com a informação e ter modificado sua percepção sobre o político a partir disso. 18% não tomaram conhecimento e 4% não responderam.
O ex-motorista de Flávio Bolsonaro, Fabrício José Carlos de Queiroz, teve uma movimentação “atípica” identificada pelo Coaf de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
O documento cita um repasse de R$ 24 mil para a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro — o presidente eleito disse que se tratava do pagamento de uma dívida antiga do policial militar com ele.
De acordo com a Veja, uma das contas de Queiroz recebeu transferências bancárias de sete servidores da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que passaram pelo gabinete do filho do presidente eleito.
Além dos servidores, o próprio Fabrício Queiroz chegou a depositar 94,8 mil reais em sua conta. Ele tinha depoimento marcado para esta quarta-feira (19) e alegou razões de saúde para não comparecer; o compromisso foi reagendado para esta sexta-feira (21) às 14 horas.
A expectativa positiva em relação ao próximo governo oscilou para cima, mas dentro da margem de erro.
Hoje, 59% dos entrevistados dizem que a gestão Bolsonaro será ótima ou boa (eram 57% em novembro), enquanto 17% veem o próximo governo como ruim ou péssimo (ante 20% no mês passado).
A opinião sobre as medidas iniciais de Bolsonaro e a montagem de seu governo segue estável: 63% dizem aprovar o que foi feito até agora contra 27% que dizem reprovar os primeiros atos.
Também cresceu, de 51% para 55% dos entrevistados, a percepção de que o país estará melhor economicamente nos próximos seis meses. Já a percepção de que a situação continuará igual caiu de 28% para 21% e a de que ficará um pouco pior ou muito pior foi de 15% para 17%.
Em relação a alguns outros temas, a mudança ficou dentro da margem de erro. 59% dos entrevistados acreditam que a chance de perderem o emprego em seis meses é grande ou muito grande enquanto. e 33% acham que essa chance é pequena ou muito pequena.
Nessa pesquisa, os entrevistados foram questionados também sobre os meios que utilizam para se informar, sobre a confiança na veracidade das informações que recebem e sobre a confiança que têm em diversas instituições.
Os brasileiros majoritariamente usam a televisão para obter informações sobre política e acontecimentos do Brasil (73% na soma da 1ª e da 2ª opção). Em seguida foram apontados portais e blogs de notícias da internet (40%) e as redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram (30%).
No entanto, quando questionados sobre a percepção da veracidade das informações veiculadas, os meios tradicionais se destacaram: rádio (69%), jornal impresso (67%) e televisão (66%).
Um segundo bloco foi formado por portais de notícias na internet (38%) e blogs e sites de notícias (36%). Um terceiro bloco foi formado por Instagram (17%), Twitter (16%), Facebook (14%) e WhatsApp (12%).
Entre as instituições, as Forças Armadas se destacaram e têm 70% da confiança dos brasileiros, seguidas pela Igreja Católica com 60% e a ONU com 55%.
No outro extremo, apenas 10% dos entrevistados confiam nos partidos políticos, 12% confiam na Câmara e 17% confiam no Senado.