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Perto de completar 1 ano no poder, Temer tenta popularizar imagem

O papel do presidente está desgastado por uma "tempestade perfeita", que vai da Lava Jato ao desemprego passando por reformas polêmicas

Temer: o governo também vai lançar uma nova ofensiva digital, com vídeos e mensagens por WhatsApp (Ueslei Marcelino/Reuters)

Temer: o governo também vai lançar uma nova ofensiva digital, com vídeos e mensagens por WhatsApp (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de maio de 2017 às 17h41.

Última atualização em 3 de maio de 2017 às 17h42.

Brasília - O presidente Michel Temer prepara um pronunciamento para o próximo dia 12, quando completa um ano no cargo, em rede nacional de rádio e TV. A ideia é mostrar que, apesar de todas as crises, Temer comanda "um governo de travessia" para dias melhores.

A equipe de comunicação tenta popularizar a imagem do presidente, desgastada por uma "tempestade perfeita", que vai da Lava Jato ao desemprego, passando por reformas polêmicas, como a da Previdência e a da lei trabalhista.

Com essa estratégia, o governo também vai lançar uma nova ofensiva digital, com vídeos e mensagens por WhatsApp, explicando as mudanças na aposentadoria.

O pronunciamento de Temer para marcar um ano de governo, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff, será mais enxuto, para não incentivar "panelaços".

O presidente vai focar numa espécie de "linha do tempo" para mostrar sua agenda de trabalho e o que considera como "avanço" nesse período, a exemplo das reformas e da liberação das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A tentativa de fazer de Temer um político menos formal e com estilo "paizão" já começou a ser posta em prática, mas nenhum de seus auxiliares o convenceu até agora a tirar do vocabulário termos de difícil compreensão, como "vergastado".

"Presidente, o senhor é um homem muito certinho. O senhor tem algum hobby? O senhor joga bola, o senhor vai em festa junina? O senhor cozinha? O que o senhor faz?", perguntou a ele o apresentador Ratinho, do SBT, no programa que foi ao ar na última sexta-feira. "Você sabe que eu cozinho, viu?", respondeu Temer.

"Você sabe que, de vez em quando, um ovo mexido, por exemplo, eu faço com uma tranquilidade. Mas (sobre) hobby, você sabe que eu gosto muito de cinema, viu? E gosto de televisão."

O dono do SBT, Silvio Santos, também convidou Temer para participar de seu programa. Os dois jantaram no último dia 20, em São Paulo, após encontro acertado por Ratinho, durante uma sessão de corte de cabelo no salão do Jassa.

A partir daí, o SBT passou a exibir pequenas inserções em defesa da reforma da Previdência, nos intervalos comerciais.

Rádios

No mês passado, o presidente também deu outras entrevistas para programas populares, como o comandado por José Luiz Datena, da rádio Bandnews. Tanto Ratinho como Datena têm grande penetração nas classes C, D e E.

Assessores de Temer querem agora que ele fale ao menos uma vez por semana com rádios regionais de audiência, principalmente no Nordeste, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é muito popular.

"O governo tem de anunciar nessas rádios, aparecer nos rincões", disse o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do Planalto na Câmara.

Diante das dificuldades enfrentadas por Temer, toda a estratégia foi montada não apenas para explicar as reformas de forma didática como para mostrar trabalho, rebatendo rumores de que o governo está acuado pela Lava Jato.

As investigações atingem oito ministros, sendo dois deles - Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) - considerados homens fortes do presidente.

As três agências de publicidade que venceram a licitação aberta em janeiro para cuidar da Presidência da República (NBS/PPR, Young e DPZ&T) terão como tarefa "polir" a imagem de um governo alvejado pela Lava Jato.

O contrato anual para prestar serviço à Secretaria de Comunicação Social (Secom), na gestão Temer, é de R$ 208 milhões e, pelas regras da licitação, pode ser renovado por até cinco anos.

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