Carlos Lupi espera uma manifestação formal em sua defesa após uma reunião da executiva ampliada da legenda (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2013 às 14h11.
Brasília - Depois de obter uma sobrevida e ter sua permanência no cargo até a reforma ministerial sinalizada pela presidente Dilma Rousseff, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tentará hoje obter o respaldo de seu partido, o PDT. Presidente licenciado da sigla, Lupi espera uma manifestação formal em sua defesa após uma reunião da executiva ampliada da legenda, que contará com a presença das bancadas no Congresso e dos presidentes dos diretórios regionais.
A intenção é isolar os pedetistas contrários a sua permanência. O cálculo político de parte do PDT é de que a saída do ministro pode significar a perda da pasta e prejudicar a legenda nas eleições municipais de 2012.
Lupi foi colocado em situação delicada nas últimas semanas por conta das denúncias de irregularidades em convênios da pasta e de suas versões conflitantes para uma viagem feita ao Maranhão em dezembro de 2009.
Ele deslocou-se por algumas cidades em um avião providenciado pelo diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira. Em depoimento na Câmara, Lupi negou o fato e disse não ter relações com Meira. O ministro foi desmentido pelo diretor da ONG e atribuiu a declaração anterior a um "lapso de memória". Não foi explicado até agora quem pagou pelo voo do ministro. Lupi afirma que cabe a seu ex-assessor, Ezequiel Nascimento, esclarecer o caso. Foi Nascimento quem revelou o fato de o avião ter sido solicitado a Meira.
Secretário-geral do partido e braço direito de Lupi no comando da legenda, Manoel Dias dá o tom da manifestação esperada pelo ministro. "Dessa reunião sairá a unidade partidária", diz. Para ele, não há nenhum motivo para uma demissão. "Como vamos tirar um companheiro contra quem ninguém comprovou nada?", questiona Dias.
O clima para o desagravo a Lupi está preparado pela própria convocação da reunião. Decidiu-se por incluir no debate os presidentes dos 27 diretórios regionais do partido. Dois terços deles estão no cargo por meio de comissões provisórias, ou seja, devem a função ao próprio Lupi.
Com isso, a intenção é deixar isolados os que continuam defendendo o afastamento do ministro, como os senadores Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF) e o deputado Reguffe (DF). Uma amostra de como a reunião será favorável é que mesmo quem defendia posição semelhante agora pensa diferente.
Líder da bancada no Senado, Acir Gurgacz (RO) mudou de posição. "Ele (Lupi) me convenceu de que não fez nada de errado. Não podemos ficar nessa onda de denuncismo", disse Gurgacz ontem. Na semana passada, o senador defendia o afastamento como solução melhor para o próprio ministro, que deixaria de sangrar devido às denúncias.
O respaldo do PDT a Lupi deve-se à análise da maioria da legenda de que sua saída traria ainda mais desgastes. Está no horizonte das preocupações também o desempenho eleitoral em 2012. Perdendo um ministro por denúncias de corrupção o partido não teria como enfrentar um debate ético nos municípios, avaliam pedetistas.
No Rio, Lupi se disse "pronto para a luta" e afirmou que o partido apoia a presidente Dilma Rousseff independentemente de estar ou não no governo. Lupi afirmou estar preparado para responder a qualquer questionamento dos companheiros. Afirmou também estar disponível para voltar ao Congresso, caso seja chamado pelos parlamentares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.