Ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello presta depoimento à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 19 de maio de 2021 às 11h32.
Última atualização em 24 de maio de 2021 às 10h59.
Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira, 19, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello garantiu que o presidente Jair Bolsonaro não o orientou a recomendar medicamentos para tratamento precoce contra a covid-19, como a cloroquina. Ele também disse nunca ter sido “desautorizado” durante os 10 meses em que esteve à frente da pasta.
Perguntado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se Bolsonaro o nomeou com a condição de cumprimento de alguma ordem específica, como a recomendação para uso de medicamentos como cloroquina para tratamento da covid-19, Pazuello respondeu que “em hipótese alguma” isso teria acontecido. “O presidente nunca me deu ordens diretas para nada", disse.
Ainda sobre a cloroquina, Pazuello confirmou que o Ministério da Saúde tenha emitido uma orientação sobre o uso na fase grave. "Feita pela gestão de Mandetta, que é médico", ressaltou. "Os médicos estavam usando off label. Isso é notório. Então nós redigimos uma nota técnica", explicou o ex-ministro.
O ex-ministro negou a existência de um "assessoramento paralelo" no Ministério da Saúde, apontado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta em depoimento à CPI. "Nunca participei de reunião com interlocutores que aconselhavam o presidente, caso eles existam", afirmou. "Nenhuma vez eu fui chamado para ser orientado para nada", reforçou. Ele também disse não ter sido consultado sobre a tese de imunidade de rebanho.
Ainda sobre as orientações do ministério, Pazuello disse que Bolsonaro “em momento algum” se posicionou contra medidas de distanciamento social. “Em nenhum momento o presidente da República me desautorizou ou me orientou a fazer qualquer coisa diferente do que eu estava fazendo. As ações foram todas minhas nesse aspecto", afirmou.
Pazuello também negou que a gestão do ministério tenha sofrido influências dos filhos do presidente. O ex-ministro disse, inclusive, que “esperava ter conversado mais” com eles e que teria se encontrado com Flávio, Eduardo e Carlos “pouquíssimas vezes” no período. “Não havia nenhuma influência dos três filhos do presidente”, garantiu.
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