Ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa: ex-diretor da Petrobras confirmou que o dinheiro era proveniente de comissões recebidas na Petrobras, fruto de “vantagem ilícita” (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2016 às 22h59.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa admitiu ter pedido à filha, Ariana Bachmann, que tirasse R$ 50 mil em dinheiro do escritório de sua empresa, a Costa Global, no dia em que a Polícia Federal (PF) foi à sua casa cumprir mandado de busca e apreensão: “Obviamente, tudo errado, uma ação errada minha. Mais errada por ter obstruído a Justiça, mais errada por ter colocado minha família nesse rolo”, disse Costa.
Em depoimento ao juiz Federal Sérgio Moro, em Curitiba, Costa disse ter chamado Ariana à sua casa, pouco depois da chegada da polícia. Sem os agentes perceberem, entregou a chave do armário onde o dinheiro estava guardado: “Peguei a chave do armário do escritório e entreguei para ela sem o pessoal perceber. Pedi para a minha filha ir no escritório e pegar um dinheiro que eu tinha lá, alguma coisa entre 50 mil reais ou um pouco mais, que eu usava para pagar as dívidas do escritório”.
O ex-diretor da Petrobras confirmou que o dinheiro era proveniente de comissões recebidas na Petrobras, fruto de “vantagem ilícita”. Ele também disse que a filha pegou uma planilha, mesmo sem que ele pedisse. Ariana também depôs à Justiça Federal. Admitiu ter pego o dinheiro, a pedido do pai e a planilha, por conta própria. A planilha tinha informações de depósitos feitos no exterior. Tanto o dinheiro quanto a planilha foram apreendidos pela PF dias depois.
“Eu via na televisão a Polícia Federal fazendo busca e apreensão e tudo que eu sei é que eles levam muita coisa, às vezes até coisa que não tem muita importância. Então, eu peguei coisa minha, de empresas que eu representava. Coisas que eu nem precisava ter pego. Do meu pai, foi a parte do dinheiro e uma planilha que eu nem vi o que era, só botei na minha bolsa e levei”, disse Ariana, que foi ao escritório acompanhada do marido, Marcio Lewkowicz.
Costa, em seu depoimento, tentou inocentar a filha e o genro. Segundo ele, eles não agiram como se quisessem esconder documentos comprometedores, uma vez que saíram do prédio passando pelo elevador e pela porta principal, monitorados por câmeras: “Foi uma falta de malícia total deles, porque eles nunca tinham passado por isso. Se tivessem que esconder muitas coisas, teriam descido pela escada, pela garagem”.
O marido de Ariana também depôs. Ele explicou que foi com a mulher ao escritório e retirou documentos de sua empresa, que estavam em uma sala da Costa Global, uma vez que sua sala estava em reformas. Marcio Lewkowicz disse que estava “assustado” com a ida da polícia à casa do sogro e levou seus documentos por não terem relação com os negócios de Costa.
O próprio ex-diretor da Petrobras afirmou que Lewkowicz não tinha vínculo com a Costa Global ou com os seus negócios.
No final de seu depoimento, Ariana pediu para ler uma declaração na qual defende o pai. Chorando, ela reconhece os erros do pai, mas se diz orgulhosa dele. “Eu sei que meu pai errou, errou bastante. Mas ele está pagando muito caro por tudo que ele fez. Ele e toda a família. [...] Todos os anos trabalhados, todos os processos concluídos, todos os prêmios recebidos pela boa gestão. Tudo isso foi apagado e só os atos ilícitos serão lembrados. Eu sei que isso tudo que eu falei não vai fazer diferença para a minha defesa, mas eu precisava fazer um desabafo como filha de um homem que errou, mas se arrependeu dos erros e está pagando por isso”.
Paulo Roberto Costa e seus familiares são réus em uma ação penal da Operação Lava Jato. Em abril de 2014, o juiz Sergio Moro aceitou a denúncia contra eles. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Costa é acusado de ordenar que seus parentes fossem a seu escritório de consultoria para retirar documentos e dinheiro “que interessavam à prova das infrações penais sob investigação”, no momento em que a operação foi desencadeada. A presença dos parentes foi flagrada por câmeras de segurança do local.
Em abril do ano passado, Paulo Roberto Costa foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa em uma das principais ações da Lava Jato, na qual foram investigados os desvios na construção da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras. No entanto, diante das informações prestadas aos investigadores, nas quais indicou parlamentares que receberam propina do esquema, Costa teve a pena convertida em regime inicial domiciliar.