O Brasil foi um dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU que se absteve na votação da resolução 1973, que cria uma zona de exclusão aérea na Líbia (José Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2011 às 20h08.
São Paulo - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou nesta terça-feira que apesar das diferenças existentes entre Brasil e Estados Unidos sobre o conflito na Líbia, as relações bilaterais não serão afetadas.
"As posições com relação à Líbia no Conselho de Segurança da ONU não foram idênticas, mas existe um respeito por parte dos Estados Unidos, visível em relação à posição brasileira", disse Patriota em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo.
O Brasil foi um dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU que se absteve na votação da resolução 1973, que cria uma zona de exclusão aérea na Líbia.
O começo dos ataques ao regime de Muammar Kadafi coincidiu com a visita de dois dias feita ao Brasil no último fim de semana pelo presidente americano, Barack Obama.
"Um dirigente não escolhe o momento. Quando o momento da visita foi escolhido, não havia essa previsão de que poderia coincidir com a crise na Líbia", declarou Patriota.
O chanceler expressou que o Brasil deseja para a Líbia e os países que "estão em momentos de rebeliões internas, alguns de uma maneira mais crítica que outra, a estabilidade do progresso econômico, social, institucional, democrático e político".
"Agora vamos aguardar o relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que está visitando a região, e de seu enviado especial, que ficou três dias na Líbia, para avaliar de acordo com o Conselho de Segurança quais serão os passos seguintes e de que forma o Conselho se posicionará a partir de agora", afirmou.
Para Patriota, a primeira resolução do Conselho de Segurança, presidido pelo Brasil como membro não-permanente, a de número 1970, estabeleceu por consenso "medidas muito severas", como o embargo de armas e restrições à liberdade de movimento" do líder líbio, sua família e seus aliados mais próximos.
"Não houve tanta divergência com relação ao estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, solicitada pela Liga Árabe, e quando discutíamos esse plano surgiu a proposta de algo a mais, em termos de intervenção militar, e o Brasil expressou dúvidas sobre o que era adequado", acrescentou.
Ao ser perguntado sobre o Irã, Patriota disse que "é importante esclarecer que o Brasil defende o uso pacífico de energia nuclear", reconhecido no Tratado de Não-Proliferação.
Patriota destacou também as próximas viagens da presidente Dilma Rousseff ao exterior - a primeira delas no fim deste mês a Portugal, em meados de abril à China, e um mês depois ao Paraguai.