Antonio Patriota: Patriota disse que o governo brasileiro tem incentivado cursos de capacitação técnica e profissional nos países que integram a Zopacas. (Ernesto Benavides/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 11h46.
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu hoje (15) que os 23 países que integram a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) busquem o fortalecimento interno na tentativa de dirimir conflitos, como o de Guiné-Bissau, e consolidem o diálogo, a cooperação e uma área livre de armas. Patriota participa, em Montevidéu, no Uruguai, da reunião ministerial da Zopacas.
Criada há 30 anos, a Zopacas se dedica aos temas de proliferação de armas nucleares e futura redução da presença militar dos países-membros em outras regiões do mundo. Paralelamente, os 23 países que integram o grupo se esforçam para a integração e colaboração regional com cooperação econômica e comercial, científica e técnica, política e diplomática. Integram a Zopacas latino-americanos e africanos.
“A região conhece ainda algumas situações que demandam nossos melhores esforços na promoção da segurança e da estabilidade institucional. É o caso da Guiné-Bissau”, ressaltou Patriota. “A crise vivida hoje por esse país sul atlântico e ademais muito próximo do Brasil, pelos laços da história e da cultura, é exemplo de uma situação com implicações sérias sobre o espaço do Atlântico Sul e à qual não podemos ficar indiferentes.”
Em abril de 2012, militares atacaram com granadas a residência do primeiro-ministro e principal candidato às eleições presidenciais de Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior. O ataque foi interpretado como um golpe de Estado. Houve mortos, feridos e vários políticos de Guiné-Bissau foram presos. A Assembleia da República Portuguesa condenou o golpe.
“É imperativo preservar o Atlântico Sul da introdução de armas nucleares e outras armas de destruição em massa. Devemos trabalhar juntos para avançar em direção ao objetivo da caracterização da área como zona livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa. É um objetivo estratégico comum aos países membros da Zopacas”, disse o chanceler.
Patriota destacou ainda que, no plano do comércio internacional, áreas marítimas, como as que englobam os oceanos Índico e Pacífico, atraem atenção, mas o Atlântico Sul é considerado “decisivo”, pois o Brasil, por exemplo, é a principal rota comercial na região. Pelo menos 95% das exportações e importações brasileiras passam pelo Atlântico Sul.
Segundo o chanceler, a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul foi concebida para a promoção de objetivos comuns em áreas relativas à paz e à segurança, mas também com uma ampla perspectiva de cooperação. “Embora esses objetivos não tenham conotação diretamente econômica ou comercial, está em perfeita consonância com eles a promoção dos fluxos de comércio e de investimento entre as duas margens do Atlântico Sul”, ressaltou o ministro.
Patriota disse que o governo brasileiro tem incentivado, com base nos acordos de cooperação definidos no Plano de Ação de Luanda de 2007 e na Mesa Redonda de Brasília de 2010, cursos de capacitação técnica e profissional nos países que integram a Zopacas. Segundo ele, o objetivo é “permitir ampla troca de experiências e boas práticas em áreas de interesse mútuo”.