O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota: o chanceler se reuniu ontem com o presidente do Corinthians, Mário Gobbi Filho, e conversou sobre o caso. (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 13h05.
Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, indicou hoje (4) que o desfecho sobre a detenção dos 12 torcedores do Corinthians, que estão em uma prisão em Oruro, na Bolívia, deve demorar.
Porém, Patriota sinalizou que há confiança das autoridades brasileiras na inocência dos torcedores. Os brasileiros foram detidos, em fevereiro, após a morte de um estudante boliviano de 12 anos atingido por um sinalizador durante jogo de futebol.
“Uma vez comprovada a inocência, aquilo que acreditamos que será o desenlace, queremos garantir a libertação dos nossos concidadãos e que o processo seja célere”, disse Patriota, que participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado. “Tenho sentido, embora seja um pouco prematuro assinalar, sensibilidade das autoridades bolivianas sobre a importância que a sociedade brasileira e a opinião pública dão [ao caso]”.
O presidente da comissão, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que visitou os torcedores na Bolívia, reclamou das “condições sub-humanas” as quais estão sendo submetidos os brasileiros, em Oruro. Segundo ele, a prisão na qual estão os brasileiros é “primitiva” e abriga 1.500 detentos, embora tenha capacidade para apenas 200. De acordo com o senador, na cela ao lado dos brasileiros há “traficantes, assassinos e estupradores”.
Para Ferraço, há “má vontade do governo boliviano em relação ao caso” e uma tentativa de “barganha política”, por envolver também a concessão de asilo político ao senador boliviano Roger Pinto Molina, que faz oposição ao governo da Bolívia e está há 11 meses alojado na Embaixada do Brasil em La Paz.
Patriota reiterou que lamenta a morte do estudante boliviano Kevin Espada, de 14 anos, morto há quase dois meses. Ele disse que o governo brasileiro se esforça para que os 12 torcedores tenham “tratamento digno” no país. Os torcedores brasileiros são acusados de envolvimento na morte de Espada, que não resistiu ao ser atingido por um sinalizador durante jogo da Copa Libertadores 2013, em fevereiro.
O chanceler se reuniu ontem com o presidente do Corinthians, Mário Gobbi Filho, e conversou sobre o caso. Segundo Patriota, Gobbi disse ter se sentido “reconfortado com a conversa”, pois percebeu que há sensibilidade das autoridades brasileiras para cuidar do tema.