Em reunião, Salles disse que o governo deveria aproveitar pandemia para "simplificar" normas ambientais (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 2 de junho de 2020 às 10h12.
Última atualização em 2 de junho de 2020 às 11h40.
Parlamentares de partidos de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro ingressaram nesta segunda-feira com uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pedindo que ele seja investigado e afastado do cargo. A representação acusa Salles de supostos crimes de responsabilidade e improbidade durante sua gestão a frente do ministério.
A representação foi assinada por parlamentares do PSOL, PCdoB, PT, PDT, PSB e Rede faz um compilado de uma série de atos praticados pro Ricardo Salles desde o início de sua gestão e menciona a fala de Salles durante a reunião ministerial realizada no dia 22 de abril na qual ele diz ao presidente Jair Bolsonaro que o governo deveria aproveitar a pandemia causada pelo novo coronavírus para "passar a boiada" e "simplificar" normas ambientais com reformas que não dependessem de aprovação do Congresso Nacional.
A representação pede que Salles seja afastado imediatamente do cargo e que o ministro seja alvo de um processo de impeachment junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"O método do Sr. Ricardo Salles consiste em, nas suas próprias palavras, evitar o debate amplo e público no Congresso Nacional, alterando para tanto as normas infralegais em matéria ambiental”, diz um trecho da representação encaminhada ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Caberá à PGR decidir se dá prosseguimento à representação movida pelos parlamentares.
A exoneração de fiscais mencionada na representação ocorreu em abril, após uma série de operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) contra garimpeiros em terras indígenas na Amazônia. Salles vem afirmando que a exoneração não foi uma punição à atuação deles.
É a segunda representação para apurar a conduta de Salles que chega à PGR em uma semana. Na semana passada, procuradores da República da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) encaminhou representações a Aras sugerindo a adoção de medidas para apurar possíveis irregularidades cometidas pelo ministro.