PSL: partido foi a legenda mais fiel ao governo Michel Temer em votações na Câmara dos Deputados ao longo do primeiro semestre deste ano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2018 às 09h39.
Última atualização em 25 de julho de 2018 às 09h41.
Brasília - Partido do presidenciável Jair Bolsonaro, o PSL foi a legenda mais fiel ao governo Michel Temer em votações na Câmara dos Deputados ao longo do primeiro semestre deste ano. Levantamento da consultoria Arko Advice mostra que os parlamentares da sigla - atualmente oito, incluindo Bolsonaro - acompanharam o governo em 67,73% das votações. Em seguida aparece o MDB (64,34%) - partido de Temer, que tem como pré-candidato ao Palácio do Planalto o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
O comportamento do PSL contrasta com as críticas que o presidenciável vem fazendo ao atual governo. Foram analisadas 107 votações de interesse do Planalto. O PSDB, do pré-candidato Geraldo Alckmin, aparece como terceiro mais alinhando ao governo, com um índice de 63,05% das votações.
Os demais partidos com pré-candidatos na corrida presidencial aparecem com índices menores que 30%. O PDT de Ciro Gomes, por exemplo, acompanhou o governo em apenas 23% das votações, enquanto a Rede, de Marina Silva, em 18,4%, e o PT, em 5,27%.
O PSL votou com o governo, por exemplo, na lei que permitiu a venda direta de petróleo do pré-sal - todos seus oito deputados disseram sim à medida. Votaram contra PSB, PDT e PCdoB, enquanto PT, PSOL e Rede obstruíram a votação.
A proposta aprovada permite a venda direta do petróleo de propriedade da União extraído do pré-sal. Até então, a estatal Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), criada para administrar a produção, era obrigada a contratar empresas especializas para intermediar essa comercialização. O partido também derrubou, junto com o governo, destaques sobre a cessão onerosa da Petrobrás.
Os deputados do PSL também votaram com Temer na abertura de crédito especial de R$ 439,5 milhões a diversos órgãos do Executivo. Nessa matéria, PT, PCdoB, PSOL e Rede obstruíram a votação. Já na aprovação do texto-base do cadastro positivo, apenas três deputados do PSL votaram "sim" com o governo. A matéria passou com 273 deputados favoráveis e 150 contrários. Procurado, o líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Francischini (PR), não foi localizado pela reportagem.
De acordo com a consultoria, o índice de fidelidade ao governo na Câmara vem diminuindo desde que Temer assumiu, em maio de 2016. Era de 57,27% e caiu para 47,27% no primeiro semestre deste ano. Para o cientista político da Arko Advice Cristiano Noronha, o dado evidencia o desgaste do governo. "Temer chegou forte, mas há um desgaste em que ele sofreu ao ter de evitar duas denúncias (apresentadas pela Procuradoria-Geral da República). É um governo que tem um índice de popularidade baixo e que não tentará a reeleição", afirmou.
Levantamento feito pelo Estadão/Broadcast também apontou que o PSL foi o que mais liberou seus deputados nos últimos dois meses para que votassem como quisessem em projetos considerados importantes pelo governo, principalmente na área econômica, como a cessão onerosa da Petrobrás, a aprovação de crédito de quase R$ 1 bilhão para ministérios e a privatização de distribuidoras de energia da Eletrobrás no Norte e Nordeste.
Desde abril, quando aumentou sua bancada, as orientações de posicionamento do PSL durante as votações eletrônicas caíram mês a mês - em abril, a sigla orientou 86% das votações eletrônicas: 24 de um total de 28. Em maio, essa participação caiu para 64%, chegando a 52% em junho e 37% em julho. PT, MDB, PSDB e DEM orientaram em 100% das votações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.