A Rota foi impedida de participar de uma operação contra o tráfico de drogas no centro de São Paulo (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2015 às 08h19.
São Paulo - Policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) teriam sido impedidos pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de participar de uma operação contra o tráfico de drogas na região central de São Paulo. A afirmação é do promotor de Justiça Cássio Conserino.
Ele e policiais militares do serviço reservado descobriram um esquema conhecido como "drive-thru do tráfico", no qual o usuário não precisaria sair do carro para comprar a droga - o próprio traficante é quem vai até o veículo entregar a "encomenda".
O esquema funciona 24 horas por dia no bairro da Bela Vista, segundo Conserino. Na quinta-feira, 10, a reportagem flagrou jovens consumindo maconha na Rua 13 de Maio e o mesmo grupo subindo e descendo a via constantemente.
A Justiça concedeu dez mandados de busca e apreensão em pontos levantados pela investigação.
O promotor relatou ter pedido o apoio da Rota porque a investigação detectou indícios de participação de policiais da região no esquema criminoso. Segundo ele, a Secretaria da Segurança ofereceu o efetivo da região central, justamente o que tem policiais suspeitos de atuar no esquema.
Conserino decidiu, então, suspender a operação, que estava marcada para hoje, e comunicar o juiz do caso sobre o fato. No despacho, o promotor afirma que esteve no quartel da Rota, em 30 de novembro, conversou com três oficiais sobre a operação e todos acharam melhor que ela acontecesse nesta sexta-feira, 12, porque eram grandes as chances de apreender a droga que seria vendida no fim de semana.
Porém, ele afirma que anteontem "foi comunicado que a Secretaria da Segurança Pública proibiu expressamente a Rota de realizar as buscas e apreensões, objetos dos mandados".
Conserino alegou que não há como planejar a operação em menos de dois dias com um novo grupo de policiais, uma vez que ele era o único responsável pelos trabalhos.
"Diligências como essas demandam o mínimo contato prévio, mínimas diligências prévias e, principalmente, relação de confiança", afirmou no documento ao juiz. Em nota, a SSP informou que não comenta investigações sigilosas.