Roger Pinto Molina: senador boliviano estava abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz após solicitar asilo político alegando perseguição política pelo governo de Morales (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2013 às 20h44.
Brasília – Parlamentares brasileiros encontraram-se com o embaixador boliviano no Brasil, Jerjes Justiniano, para prestar solidariedade ao governo de Evo Morales diante da saída do senador Roger Pinto Molina do país com ajuda de um diplomata brasileiro.
Justiniano reforçou que o senador é considerado fugitivo na Bolívia, uma vez que saiu do país sem obter o salvo-conduto (autorização concedida pelas autoridades bolivianas).
Pinto Molina estava abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz após solicitar asilo político alegando perseguição política pelo governo de Morales. Ele chegou a Corumbá (MS) no sábado (24), depois de uma viagem de 22 horas em um carro da embaixada brasileira, escoltado por fuzileiros navais.
O encarregado de negócios na embaixada do Brasil, Eduardo Saboia, ajudou na operação de retirada do senador boliviano da embaixada e a vinda dele para o Brasil. Pinto Molina está agora em Brasília na casa de seu advogado. O governo boliviano trata Pinto Molina, de 53 anos, como suspeito em mais de 20 crimes envolvendo corrupção e desvio de recursos públicos.
Os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Cláudio Puty (PT-PA) e Elvino Bohn Gass (PT-RS), além do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), conversaram com Justiniano. Rodrigues pediu desculpas “em nome do povo brasileiro” e disse que “claramente houve um atentado à soberania boliviana”.
Justiniano disse que a Bolívia espera explicações do governo brasileiro em relação ao caso e contou que já entregou uma carta ao subsecretário-geral da América do Sul, o embaixador Antônio Simões, solicitando uma resposta oficial do Brasil.
O embaixador explicou que o episódio não compromete a relação diplomática entre os dois países e espera uma solução satisfatória para ambos, para que nem Brasil, nem Bolívia, se sintam agredidos. No entanto, ele avaliou o caso como uma “agressão” à relação dos dois países.
O deputado Cláudio Puty, por sua vez, criticou a postura da embaixada brasileira no caso. “O que aconteceu foi que a embaixada brasileira cometeu uma trapalhada diplomática. Não sabia se livrar do problema que criou para ela mesma e agora está querendo dar um caráter humanitário [à ação]”.
Randolfe Rodrigues preferiu não condenar a postura do colega de Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ao chegar no Brasil, Molina usou um avião de Ferraço, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, para chegar a Brasília.
“Não tenho que questionar a atuação dele [Ferraço]. Ele atuou dentro do território nacional, me parece que não tinha outra providência a tomar. Mesmo porque, em um Estado Democrático de Direito, o titular da soberania é o Executivo, é a autoridade diplomática”. Ao final do encontro, os parlamentares e o embaixador se cumprimentaram e tomaram um licor de coca, como símbolo de união entre as duas nações.